Asperger na vida adulta: como diagnosticar?

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Você já ouviu falar no chamado “Transtorno de Asperger”? Até alguns anos atrás, era considerado um subgrupo do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Na última revisão do DSM (quinta edição), o Transtorno de Asperger passou a ser considerado uma forma branda do autismo e agora faz parte do TEA de Nível 1, sem a presença de prejuízos intelectuais ou verbais.

Mas, o que caracteriza Asperger?

Em 1944, o psiquiatra austríaco Hans Asperger publica estudo em que as crianças com autismo apresentavam limitações, mas com certa desenvoltura cognitiva e inteligência.

É dele que vem o nome “Transtorno de Asperger”  que antes era chamada de Síndrome de Asperger– considerada uma condição relacionada ao autismo, porém mais leve.

Pessoas com Transtorno de Asperger costumam apresentar inteligência média ou acima da média.

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Eles não têm as dificuldades de aprendizagem que muitas pessoas autistas têm, mas podem ter dificuldades de aprendizagem específicas.

Eles têm menos problemas com a fala, mas a deficiência encontra-se nas interações sociais e no uso funcional da linguagem.

Como diagnosticar?

Para identificar Asperger é preciso um conjunto de medidas, que incluem análise de dados coletados por meio de questionários – bem como anamnese e entrevista clínica.

Após a constatação do transtorno pode ser iniciado o acompanhamento com a equipe multidisciplinar para melhorar a qualidade de vida do adulto, por meio da redução de suas limitações, bem como aprendizagem de como lidar com cada uma delas.

A Universidade de Cambridge, por meio de seu Centro de Pesquisa do Autismo (ARC) – um dos pioneiras no estudo de TEA, para avaliar a gravidade dos sintomas do espectro do autismo em crianças, mas pode ser aplicado em adultos, passou a desenvolver novos métodos para o diagnóstico tardio de Asperger na vida adulta.

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Esses métodos incluem instrumentos de triagem, como o Autism Spectrum Quotient (AQ) e o Empathy Quotient (EQ); e um cronograma de entrevista para o diagnóstico em si, chamado de Adult Asperger Assessment (AAA).

Todos esses métodos foram publicados e estão disponíveis gratuitamente no site www.autismresearchcentre.com – estão em inglês – é possível usar o recurso de tradução automática disponível no navegador do Google.

Verdade é que diagnosticar o autismo (em termos de espectro) por anos foi considerado desafiador, sobretudo em adultos.

Isso se deve pois, primeiro, os indicadores de autismo podem melhorar com o tempo, à medida que as pessoas aprendem novas habilidades ou modificam as limitações sensoriais características do espectro.

Apesar de um aumento recente na conscientização sobre o autismo, os indivíduos nascidos com o transtorno entre as décadas de 1940 e 1980 podem ter vivido suas vidas com múltiplos problemas, seja decorrente da ausência ou erro no diagnóstico para os então subtipos do que atualmente compreendemos como “TEA”.

Diagnóstico tardio

De acordo com pesquisadores de Cambridge o diagnóstico tardio impactou por anos a vida de muitas pessoas, que tiveram seu desenvolvimento infantil e sua convivência social (como na escola) prejudicados, pela ausência da compreensão do distúrbio, o que possibilitaria haver um suporte no que cabe ao aperfeiçoamento das limitações.

Por isso, a detecção precoce da condição é fundamental para melhorar a qualidade de vida daquele que está no espectro, por meio de um despertar de consciência em relação ao distúrbio, permitindo que sejam trabalhadas as limitações.

Leia também: É possível sair do espectro?

Referências:

Asperger syndrome. What is Asperger syndrome? The National Autistic Society. Disponível em http://www.autism.org.uk/about/what-is/asperger.aspx Acessado em 10 de maio de 2018.

Murphy CM, Wilson CE, Robertson DM, et al. Autism spectrum disorder in adults: diagnosis, management, and health services development. Neuropsychiatric Disease and Treatment. 2016;12:1669-1686. doi:10.2147/NDT.S65455. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4940003/ Acessado em 11 de maio de 2018.

Trevor Powell, DClinPsych and Louise Acker, BSc. Adults’ Experience of an Asperger Syndrome Diagnosis: Analysis of Its Emotional Meaning and Effect on Participants’ Lives. Sage Journal. Vol 31, Issue 1, pp. 72 – 80. First Published May 29, 2015. Disponível em < http://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/1088357615588516> Acessado em 10 de maio de 2018.

Very late diagnosis of Asperger Syndrome. Interative Autism Network. Disponível em https://iancommunity.org/cs/articles/very_late_diagnosis_of_asperger_syndrome Acessado em 11 de maio de 2018.

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Cofundadora da NeuroConecta.