Saiba mais sobre o ADI-R

O ADI-R é a sigla para Autism Diagnostic Interview-Revised ou Entrevista Diagnóstica para o Autismo Revisada, em português. Trata-se de uma entrevista diagnóstica estruturada que foi desenvolvida para ajudar a identificar o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Durante a entrevista com os pais ou cuidadores são coletadas informações detalhadas sobre o comportamento e desenvolvimento da criança.

Por isso, o ADI-R é muito útil para diagnosticar o TEA, planejar medidas terapêuticas e distinguir o autismo de outros transtornos do desenvolvimento.

Dessa forma, tem o objetivo de fornecer uma avaliação ao longo da vida de uma série de comportamentos relevantes para o diagnóstico em pessoas a partir dos 5 anos até o início da idade adulta e com idade mental a partir dos 2 anos de idade.

Foi criada em 1989 como uma ferramenta para pesquisar sobre o crescimento dos  diagnósticos de autismo e passou a ser usada para facilitar a detecção desse Transtorno.

Como funciona?

O ADI-R normalmente leva de uma a duas horas e se concentra no comportamento atual da criança ou comportamento em um determinado ponto nas áreas de interação social recíproca, comunicação e linguagem e padrões de comportamento.

A ADI-R possui cinco seções:

  • Perguntas introdutórias;
  • Questões sobre comunicação (inicial e atual);
  • Desenvolvimento social e como costumam brincar;
  • Investigação sobre comportamentos repetitivos e restritos;
  • Questões relativas a problemas de comportamento em geral.

Devido à longa entrevista, o ADI-R é usado principalmente em ambientes clínicos ou de pesquisa.

Habilidades avaliadas

E esse tipo de entrevista é focada nas seguintes habilidades.

  • Comunicação e Linguagem: avalia-se a fala e as habilidades atuais para manter a conversa;
  • Interação social: avalia-se como a criança interage com as pessoas e como mostram ou interpretam respostas emocionais;
  • Comportamentos repetitivos e obsessivos: avalia-se a presença de comportamentos estereotipados de TEA, como fixação em objetos incomuns, movimentos repetitivos das mãos ou uso repetido de frases curtas e fora do contexto. Além disso, pode ser avaliado se há hiperatividade e agressividade.

Os pais são questionados sobre como e quando perceberam que algo poderia estar errado com a criança e sobre os principais marcos do desenvolvimento. Então, a entrevista investiga o comportamento da criança durante os primeiros cinco anos de vida.

Ferramenta de avaliação

Vale destacar que o ADI-R não envolve diretamente a criança, geralmente é uma entrevista conduzida por um pesquisador ou psicólogo juntamente com os pais ou cuidadores.

Portanto, o ADI-R concentra-se na história do desenvolvimento da criança, contando com a memória das pessoas mais próximas a ela, no caso pais, mães e cuidadores. Sendo assim, avalia-se o histórico médico, comportamentos gerais, passados ​​e atuais, datas do marco do desenvolvimento, o desenvolvimento da fala e da linguagem e comportamentos destrutivos ou agressivos.

As perguntas são pontuadas em uma escala de zero a três, sendo três o resultado mais anormal. Cada pergunta também pode ser codificada de acordo com a idade da criança no momento em que foi notada pela primeira vez, ou se o comportamento é algo que os pais ainda estão vendo regularmente.

O examinador faz perguntas gerais e específicas. Por exemplo, os pais são questionados sobre as habilidades de comunicação de seus filhos. E eles falam se a criança aponta para objetos, se acena com a cabeça, por exemplo. Os pais também revelam detalhes de como é a comunicação verbal e não verbal e as habilidades sociais.

Vale destacar que  o ADI-R não deve ser a única ferramenta de avaliação usada para fechar um diagnóstico do espectro do autismo. Assim, as avaliações devem ser realizadas por uma equipe de profissionais especializados em autismo, para assim, o médico fechar o diagnóstico.

Portanto, especialistas como médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais podem realizar diversas avaliações que procuram tipos específicos de desafios e comportamentos que indicariam o autismo.

Leia também:

Importância do diagnóstico precoce do autismo

ADOS – Protocolo de observação para diagnóstico do autismo

Referências:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4471312/https://www.verywellhealth.com/adi-r-test-use-in-autism-diagnosis-260241

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista, especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Pesquisadora na área do TEA há mais de 10 anos. Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou 4 Pós-doutorados pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.