Pessoas que estão no espectro da esquizofrenia possuem um transtorno que faz com que percam o contato com a realidade. Por isso, elas experimentam uma variedade de sintomas extremos que podem incluir:
- Alucinações: como ver, ouvir, cheirar, provar ou sentir (por meio do toque) coisas que não existem;
- Delírios: que são crenças falsas que não mudam mesmo quando a pessoa recebe evidências de que aquilo não é verdade. Isso pode se apresentar como paranóia extrema ou medos irracionais;
- Desorganização do pensamento (Discurso): a desorganização do pensamento costuma ser inferida a partir do discurso do indivíduo. Portanto, este pode mudar de um tópico a outro. As respostas a perguntas podem ter uma relação oblíqua ou não ter relação alguma (tangencialidade). Raras vezes, o discurso pode estar tão gravemente desorganizado que é quase incompreensível, lembrando a afasia receptiva em sua desorganização linguística (incoerência ou “salada de palavras”).
- Comportamento Motor Grosseiramente Desorganizado ou Anormal: pode se manifestar de várias formas, desde o comportamento “tolo e pueril” até a agitação imprevisível. Os problemas podem ser observados em qualquer forma de comportamento dirigido a um objetivo, levando a dificuldades na realização das atividades cotidianas.
- Sintomas Negativos: Dois sintomas negativos são especialmente proeminentes na esquizofrenia: expressão emocional diminuída e avolia. Expressão emocional diminuída inclui reduções na expressão de emoções pelo rosto, no contato visual, na entonação da fala e nos movimentos das mãos, da cabeça e da face, os quais normalmente conferem ênfase emocional ao discurso. A avolia é uma redução em atividades motivadas, autoiniciadas e com uma finalidade. Portanto, a pessoa pode ficar sentada por períodos longos e mostrar pouco interesse em participar de atividades profissionais ou sociais.
Além disso, os sintomas também podem incluir:
- Perda de motivação;
- Desinteresse ou falta de prazer na vida diária;
- Retirada social e fala reduzida;
- Dificuldade em mostrar emoções;
- Dificuldade em planejar e manter as atividades;
- Dificuldade em se concentrar ou prestar atenção.
Como é feito o diagnóstico?
Geralmente, o diagnóstico de esquizofrenia é feito após o primeiro episódio de psicose. De acordo com os critérios do DSM-5, uma pessoa deve ter persistentemente dois ou mais dos sintomas descritos no manual.
Antes que um diagnóstico possa ser feito, o médico psiquiatra deve conduzir um exame médico completo para descartar o uso indevido de substâncias ou outras doenças neurológicas ou médicas cujos sintomas imitem a esquizofrenia.
O transtorno pode ser bastante debilitante, pois as pessoas com esquizofrenia geralmente não conseguem distinguir entre a realidade e suas alucinações e delírios.
Isso pode resultar em má adesão ao tratamento, ou seja, não ingerem as medicações prescritas.
Quando costuma aparecer?
Estima-se que atinja cerca de 1% da população mundial. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são mais de 20 milhões de pessoas atingidas por essa doença mental.
A esquizofrenia costuma aparecer pela primeira vez em homens no final da adolescência ou no início dos vinte anos. Já nas mulheres, é comum que apareçam perto dos vinte ou trinta anos.
Assim, a esquizofrenia tem um forte componente genético e pode ocorrer com mais frequência quando há outros casos nas famílias.
Além disso, alguns fatores de risco aumentam as chances do surgimento da esquizofrenia. São eles:
- Complicações durante a gravidez e o parto, como desnutrição ou exposição a toxinas ou vírus que afetam o desenvolvimento cerebral;
- Consumo de drogas psicoativas ou psicotrópicas durante a adolescência e juventude que mexem com o funcionamento cerebral.
Tratamentos indicados
As causas da esquizofrenia são complexas e não são totalmente compreendidas. Portanto, os tratamentos atuais se concentram no controle dos sintomas e na solução de problemas relacionados ao funcionamento do dia a dia.
Geralmente, indicam-se medicamentos antipsicóticos para reduzir a intensidade e a frequência dos sintomas psicóticos.
Já a terapia cognitivo-comportamental, o treinamento de habilidades comportamentais ajudam a tratar os sintomas negativos e cognitivos da esquizofrenia.
Embora não haja cura para a esquizofrenia, as pesquisas estão levando a tratamentos inovadores e mais seguros.
Os especialistas também estão descobrindo as causas da doença estudando genética, conduzindo pesquisas comportamentais e usando imagens avançadas para observar a estrutura e a função do cérebro. Assim, essas abordagens prometem terapias novas e mais eficazes.
Condições associadas como autismo
Você sabia que inicialmente, o autismo era enquadrado como uma forma de esquizofrenia?
Isso levou a crença de que sua causa poderia estar ligada a alguma experiência negativa ou por consequência de má criação dos pais ou responsáveis.
Certamente, este conceito já foi refutado. No entanto, de acordo com pesquisas, a esquizofrenia é cerca de três vezes mais comum em indivíduos com autismo.
Leia também: Comorbidades comuns no autismo
Saiba mais: Tratamento medicamentoso para as comorbidades comuns no autismo
Referências:
https://www.nimh.nih.gov/health/topics/schizophrenia
https://www.nhs.uk/mental-health/conditions/schizophrenia/symptoms/
https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/schizophrenia