Amizade como ferramenta no desenvolvimento da criança no TEA

A amizade, por definição, consiste em um “sentimento de afeição, estima, ternura etc. que une assim uma pessoa a outra”[1].

Portanto, trata-se de um vínculo que independe de idade, condição física e/ou social, sexo, cor, credo. Pode ser um laço construído entre indivíduos de uma mesma família ou entre pessoas de outros núcleos sociais dos quais fazemos parte, como uma escola ou trabalho.

Dia do Amigo

Por isso, nesse Dia do Amigo, nós da NeuroConecta queremos encorajar vocês a estimularem oportunidades para que as crianças, no espectro ou não, possam estabelecer vínculos entre elas.

Certamente, ter um amigo na infância pode contribuir com o senso de pertencimento, de inclusão, um dos fatores essenciais para o desenvolvimento sobretudo emocional da criança que está no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Além de ser um elo afetivo, o vínculo social pode contribuir com o desenvolvimento de uma criança no TEA.

Por isso, é importante compreender que essa conexão pode (e deve) ser estimulada não apenas entre aquelas que apresentam o distúrbio, mas também junto àquelas neurotípicas, que estejam fora do espectro.

O que os estudos dizem

Aliás, um estudo[2] demonstrou que crianças autistas e neurotípicas, quando estimuladas a estabelecerem vínculos sociais entre elas, eram mais receptivas umas com as outras, sendo aptas a construírem brincadeiras conjuntas e conviverem positivamente, em harmonia.

Contudo, esse “elo” de amizade começa no relacionamento da criança com sua mãe e pai. Pesquisas[3] indicam que há ligação entre a qualidade do apego entre pais-filhos e a amizade da criança com os pares; ou seja, crianças que se sentem seguras por meio do vínculo parental são capazes de formar amizades mais harmoniosas.

Além disso, para vencer determinadas limitações sociais que possam ser características do TEA, há dinâmicas de grupo de habilidades sociais[4], que integram crianças, sendo estas conduzidas por um terapeuta habilitado.

Afinal, o objetivo do grupo é ensinar as crianças a conviverem, a aprendem a se comunicar, estabelece novas amizades, controlarem suas emoções e começarem a prestar atenção nos sentimentos das pessoas que as cercam.

Portanto, uma das dicas para contribuir com o desenvolvimento social da criança no espectro é começar cedo a estimular o convívio social.

As crianças podem aprender muito umas com as outras. Inclusive, a vencer limitações.

“Ter um amigo é um tesouro sem preço” (Antoine de Saint-Exupéry, autor do clássico livro infanto-juvenil “O Pequeno Príncipe”).

Referências  

[1] Amizade. Definição via Dicionário Michaellis. Consulta online disponível em < http://michaelis.uol.com.br/busca?id=9QYO> Acessado em 20 de julho de 2018.

[2] Bauminger N, Solomon M, Aviezer A, Heung K, Brown J, Rogers SJ. Friendship in High-functioning Children with Autism Spectrum Disorder: Mixed and Non-mixed Dyads. Journal of autism and developmental disorders. 2008;38(7):1211-1229. doi:10.1007/s10803-007-0501-2. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5538879/ Acessado em 20 de julho de 2018.

[3] Berlin LJ, Dodge KA. Relations among relationships. Child abuse & neglect. 2004;28(11):1127-1132. doi:10.1016/j.chiabu.2004.07.002. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2764315/ Acessado em 20 de julho de 2018.

[4] How a social skills group can benefit your child. Stepping Stones. Disponível em https://www.steppingstonesca.com/single-post/2017/04/27/How-a-social-skills-group-can-benefit-your-child Acessado em 20 de julho de 2018.

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista, especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Pesquisadora na área do TEA há mais de 10 anos. Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou 4 Pós-doutorados pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.