Uma das principais ferramentas para desenvolver uma pessoa no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é a terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada, do inglês Applied Behavior Analysis – ABA).
De crianças à adultos, a terapia ABA contribui para melhorar comportamentos socialmente importantes e, assim, permitir àquele que está no espectro ter suas habilidades aperfeiçoadas, bem como manejar suas limitações, contribuindo com seu desenvolvimento e independência.
Existente há mais de 50 anos, a ABA é um tratamento baseado em evidências científicas que atestam sua eficácia.
Consiste em um conjunto de procedimentos e intervenções destinados a aumentar comportamentos positivos, ensinar novas habilidades, que possibilitem à criança se integrar em novos ambientes e reduzir comportamentos prejudiciais a ela, como por exemplo a autoagressão.
Suas estratégias possibilitam ampliar a capacidade cognitiva, motora, de linguagem e de integração social, procurando reduzir por meio de práticas de repetição e esforço comportamentos negativos que possam causar danos ou interferir no processo de aprendizagem podendo auxiliar no aperfeiçoamento de habilidades básicas, como olhar, ouvir e imitar, ou complexas, como ler, conversar e interagir com o outro.
Abordagens da ABA
Há várias abordagens diferentes da ABA. Desde as mais estruturadas até aquelas lúdicas, aplicadas por meio de brincadeiras. Para aplicar como profissional é preciso ser especializado (analistas de comportamento certificados).
De acordo com o Child Mind Institute, uma instituição internacional sem fins lucrativos, dedicada a transformar a vida de crianças e famílias que lutam contra problemas de saúde mental e de aprendizagem, a demanda por especialistas certificada é tão alta que muitos deles não oferecem a terapia direta e, em vez disso, consultam, ajudando as famílias a contratar profissionais qualificados que podem não ter a certificação de analista, mas são supervisionados de perto por alguém que tenha. Esses são chamados de técnicos de comportamento registrado.
Terapeutas ocupacionais, Fonoaudiólogos, Professores, Educadores físicos, são exemplos de profissionais que atuam em equipes multidisciplinares ligadas ao TEA que podem se beneficiar de um treinamento ABA e se tornar um aplicador da terapia.
Todos podem aprender sobre a ciência ABA para trabalhar com seus filhos, alunos e/ou pacientes.
Como aplicar ABA sendo mãe, pai, familiar, cuidador ou educador?
Uma das características mais positivas da ABA é que ela não requer o uso de equipamentos ou ferramentas caras, o que possibilita ser trabalhada não apenas por profissionais. Ela pode ser praticada em casa, com suporte dos pais e familiares, na escola, complementando as atividades desenvolvidas por analistas comportamentais (que são mais técnicas).
Na prática, há algumas medidas simples que podem ser aplicadas informalmente por aqueles que convivem com quem está no espectro, de maneira a reforçar o que é aprendido no ambiente “profissional”, com especialistas.
Estrutura/rotina: ter horários para realizar atividades como café da manhã, almoço, jantar; fazer lição/estudar; tomar banho e etc., podem proporcionar conforto e segurança para a criança no TEA.
Envolvimento familiar
Integrar todas os membros da família que convivam com o autista na terapia ABA reforçará as atitudes que vem sendo desenvolvidas.
Por exemplo, se a criança estiver trabalhando habilidades sociais, como manter contato visual durante uma conversa, àqueles com quem ela terá contato devem estar preparados para essa interação.
Uma atividade simples é estimular todos da família a desenvolverem atividades semelhantes. Como cantar músicas que contribuam com aprendizagem ou brincarem de falar as cores dos objetos para que a criança compreenda e comece a assimilar as diferentes cores.
Reforço
O reforço, dentro do contexto “ABA”, é uma das frentes mais importantes dessa linha de tratamento.
Portanto, é preciso valorizar o esforço da criança que tem praticado o reforço positivo. Um exemplo é quando a criança está trabalhando em seu processo “ABA” o ato de “pedir permissão” para fazer algo, como pegar um brinquedo.
Assim, caso ela pratique isso com seus pais ou professor e peça determinado objeto, é preciso reforçar positivamente – com um agradecimento – como “Obrigada por pedir o boneco”.
Tente praticar ações que estimulem o olhar da criança para o interlocutor com quem ele está interagindo. Você pode usar recursos para chamar a atenção, como usar óculos.
Espaço de relaxamento: estabelecer um ambiente tranquilo, que propicie momentos de relaxamento é essencial para quem está no espectro. Ao longo do dia a criança pode ter sido submetida a diversos estímulos sensoriais, o que pode sobrecarregar o “sistema” dela, deixando-as superestimuladas. Por isso, um local silencioso, com uma atmosfera adequada, pode contribuir para relaxar e, assim, fazer a criança regular seu sistema.
Reduzir o tempo de uso de telas
Sejam crianças neurotípicas (fora do espectro) ou que estejam no espectro, a verdade é que o uso de tecnologias como celular, TV, videogame, iPad e etc., deve ser limitado para evitar uma superestimulação dos sentidos.
Referências:
ABA Therapy to promote skills in children with Autism. Behavioural Neurotherapy Clinic. Disponível em http://www.autism.net.au/Autism_ABA.htm Acessado em 28 de junho de 2018.
Bringing ABA into Your Home. Special Learning Inc. Disponível em <https://www.special-learning.com/article/Brining_ABA_into_Your_Home>
How Parents Can Practice ABA Therapy at Home. Chicago Aba Therapy. Disponível em https://www.chicagoabatherapy.com/how-parents-can-practice-aba-therapy-at-home/. Acessado em 27 de junho de 2018.
What Is Applied Behavior Analysis?. Childmind. Disponível em https://childmind.org/article/what-is-applied-behavior-analysis/ Acessado em 27 de junho de 2018.