TOC e Autismo, compreenda a relação

No artigo de hoje vamos falar sobre o Transtorno Obsessivo-Compulsivo, conhecido pela sigla TOC e a sua ligação com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

O TOC pode ser definido como um transtorno psiquiátrico que causa crises de pensamentos obsessivos e manias. Causa também comportamentos compulsivos e repetitivos que atrapalham a rotina e a vida da pessoa.

Há diversos estudos que comprovam a relação do TOC com o Autismo. Sabe-se que o TOC pode ocorrer em cerca de 6% a 10% das crianças com o TEA. E estima-se que 2% da população geral sofra com o TOC.

Além disso, os picos de incidência do TOC estão entre as crianças de período escolar e os jovens adultos, na faixa etária dos 18 e 20 anos. As pessoas com autismo têm duas vezes mais chances de serem diagnosticadas com TOC também.

Nesses casos, os autistas apresentam pensamentos obsessivos e se comportam de maneiras repetitivas e compulsivas para lidar com esses pensamentos. Por exemplo, podem lavar as mãos repetidamente ou organizar objetos várias vezes para tentar controlar pensamentos ruins.

TOC x Estereotipias

Muitas pessoas podem confundir TOC com estereotipias. Vamos falar aqui resumidamente a diferença entre TOC e estereotipia.

As pessoas com TOC geralmente se sentem desconfortáveis ​​com seus sintomas e gostariam de se livrar deles.

Enquanto as pessoas com TEA geralmente não se incomodam com seus rituais e muitas vezes a estereotipia traz conforto quando tem função de autorregulação.

Muitos pesquisadores estão estudando as duas condições para entender melhor como elas interagem, suas semelhanças e diferenças. E também como realizar o diagnóstico correto para ter um tratamento eficaz.

Alguns cientistas trabalham com a hipótese de que algumas regiões cerebrais são semelhantes em pessoas com autismo e pessoas que possuem TOC.

Essa parte do cérebro estudada está associada a parar e continuar um comportamento e formação de hábitos. Mas ainda estão sendo realizados estudos para concluir as causas e o que pode ser feito para aumentar a qualidade de vida dessas pessoas.

Sintomas do TOC

Vou citar aqui alguns sintomas do TOC que podem afetar também pessoas com autismo.

A pessoa pode apresentar obsessão, ou seja, pensamentos e ideias que vêm à cabeça da pessoa repetidamente e de forma insistente, sem que ela possa controlar. Por isso, podem ter obsessão por limpeza, fixação por rotina e organização e pensamento agressivos.

Um pensamento obsessivo, por exemplo, é pensar que as pessoas da família podem se machucar se eles não colocarem as roupas na mesma ordem todas as manhãs. 

Na maioria das vezes, a obsessão vem seguida da compulsão, ou seja, a pessoa passa a realizar rituais para se livrar da ansiedade e começa a ter comportamentos repetidos e irracionais.

Um hábito compulsivo é querer lavar as mãos repetidamente depois de tocar em algo que pode estar sujo. Os sintomas podem ir e vir e diminuir com o tempo ou piorar.

Vale esclarecer que quem tem TOC não consegue controlar seus pensamentos ou comportamentos, mesmo quando reconhece que são excessivos e prejudiciais. Eles também não sentem prazer ao realizar comportamentos ou rituais, mas podem sentir um breve alívio da ansiedade com essas atitudes. Obviamente, quem tem o TOC apresenta problemas significativos em sua vida diária por conta desse transtorno e precisa de ajuda profissional.

TOC e Autismo

Ter TOC e autismo pode causar muito sofrimento. Geralmente, o paciente vai precisar de um acompanhamento psicológico associado com alguma medicação indicada pelo médico. Esses medicamentos geralmente são antidepressivos, antipsicóticos e ansiolíticos que ajudam a tratar e controlar os sintomas do TOC.

É importante esclarecer que apenas um médico pode indicar o medicamento mais adequado para cada caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Os sintomas podem ser controlados e até mesmo desaparecerem por um tempo, mas podem voltar em algum momento da vida. Por isso, a pessoa que tem TOC precisa ser acompanhada frequentemente por profissionais especializados.

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista, especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Pesquisadora na área do TEA há mais de 10 anos. Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou 4 Pós-doutorados pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.