Autismo: da adolescência para a vida adulta

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Para pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), qualquer tipo de mudança pode ser um desafio e por isso a adolescência representa uma fase complicada.

A transição da adolescência para a vida adulta é um momento crucial na vida dos jovens. É uma fase de mudanças, novos conhecimentos, mais responsabilidades e bastantes incertezas.

Os pais e cuidadores desde o diagnóstico precisam enfrentar diversas barreiras para garantir a qualidade de vida e direitos dos filhos com TEA.

Nesse momento de transição para a vida adulta, o papel deles continua sendo fundamental para ajudá-los nesse processo de autodescoberta, planejamento e independência. Na adolescência, os jovens com autismo passam a ter que lidar com questões importantes como sexualidade, autoestima, ansiedade e muitas expectativas.

A pessoa com autismo moderado ou leve pode sentir dificuldades para tomar decisões ou não conseguir entender o que está acontecendo e até perceber que há algo diferente com ela. Por isso, é importante que o adolescente tenha um acompanhamento de especialistas para lidar melhor com essas questões e evitar qualquer tipo de sofrimento ou até mesmo depressão.

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Independência na adolescência 

O planejamento desde cedo é importante para dar ao jovem com TEA o apoio necessário, fortalecer suas habilidades e diminuir suas limitações.

Um bom plano de transição incluirá metas de longos e curtos prazos e identificará o que será necessário para melhorar sua qualidade de vida. Precisa ser bastante específico para os interesses, habilidades e desejos do seu filho. Comece pensando como você deseja que a vida dele esteja daqui a 5 anos, 10 anos ou 20 anos. Planejar é o primeiro passo para colocar em prática as atividades e os sonhos.

Como acontece com qualquer adolescente, jovens com TEA possuem interesses específicos e atividades que proporcionam maior satisfação.

Os pais devem incentivá-lo a continuar com as atividades que o motivam. E perceber também o que ele não consegue tolerar ou fica incomodado.

Para isso, as experiências anteriores, sejam boas ou ruins, são excelentes fontes de informações relevantes para o processo de planejamento da transição.

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Além disso, desde cedo, a pessoa com TEA deve reconhecer a diferença entre um estranho, amigo ou membro da família e também quais são os tipos de interações apropriadas para lidar com esses diferentes tipos de pessoas, para conseguir conviver bem em sociedade e não se prejudicar ou colocar sua vida em risco.

Faz parte do desenvolvimento da pessoa com TEA aprender a entender os sinais e se as situações em que está passando são adequadas ou se está sendo negligenciado por alguém.

Desenvolvimento de habilidades na adolescência 

O desenvolvimento das habilidades da pessoa com TEA varia muito de acordo com os estímulos que ela recebe do ambiente em que vive.

Na adolescência, os pais devem se atentar para as mudanças de comportamentos e conseguir ter uma comunicação efetiva, além de investir em acompanhamentos profissionais para que ele se desenvolva continuamente, tanto na escola quanto na vida em sociedade.

Os pais também devem incentivar os filhos a serem independentes e desenvolverem habilidades consideradas essenciais para a vida adulta.

Lembrando que essas habilidades não aparecem de forma automática para indivíduos com TEA e eles precisam ser ensinados e ter motivação para mudar um comportamento e atingir as metas.

Um adolescente com TEA pode ter dificuldade com atividades simples do dia a dia. Por exemplo, pode precisar de ajuda para tomar banho, cozinhar, limpar e lidar com dinheiro, o que pode prejudicá-lo na vida adulta.

Os pais podem ajudar dando às crianças tarefas simples de fazer desde cedo. Uma criança pequena pode aprender a colocar suas roupas sujas em um cesto, por exemplo. Com o tempo, ele aprende a separar roupas claras e escuras em duas pilhas.

Em seguida, a criança com TEA pode colocar as roupas na máquina de lavar e também aprender a importância dessa atividade para sua vida adulta. Na hora do banho, os pais devem ensiná-lo a importância do autocuidado e deixar que ele, aos poucos, consiga fazer essa atividade.

O jovem com TEA precisa saber quais são seus talentos e interesses, além de manter a autoestima elevada e ter consciência das suas dificuldades.

Muitos possuem sonhos, metas e querem entrar para o mercado de trabalho e até mesmo ter uma profissão. Para isso, precisam trabalhar desde cedo os seus potenciais e desafios que vão enfrentar na vida. A escola tem um papel importante nesse momento assim como os pais.

A ajuda multidisciplinar contribui para que o jovem conquiste a sua independência e chegue à vida adulta preparado para lidar com os desafios.

Referências:

Duncan, A.W. & Bishop, S.L. (2013) Understanding the gap between cognitive abilities and daily living skills in adolescents with autism spectrum disorders with average intelligence.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3619174/

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Cofundadora da NeuroConecta.