Transtorno de Processamento Sensorial: Como identificar?

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Você conhece o Transtorno de Processamento Sensorial (TPS)? Essa condição ocorre quando o cérebro e o sistema nervoso apresentam dificuldade em processar estímulos do ambiente e dos sentidos.

Aliás, é muito comum que crianças e jovens com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) também apresentem o TPS. Por isso, as questões sensoriais também fazem parte dos críterios diagnósticos do TEA (critério B do DSM-5).

 O TPS acontece portanto, quando a entrada sensorial do ambiente ou do próprio corpo é mal detectada ou mal interpretada. Por isso, quem tem o Transtorno sente dificuldade de processar o calor ou o frio, o cansaço, a fome, as luzes e os sons.

As causas do TPS não estão completamente esclarecidas, mas sabe-se que a genética é um dos fatores de risco do transtorno. Existem casos de hipo e hipersensibilidade.

Quando há hipossensibilidade, a criança precisa de bastante excitação ou esforço para sentir o estímulo. Nesses casos, ela costuma ser agitada, faz mais bagunça, morde objetos, tem pouca resposta à dor ou gosta de muito barulho, por exemplo.

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Já quem tem hipersensibilidade, percebe os estímulos com mais facilidade. Por isso, acham as luzes e as cores muito brilhantes, os sons ficam bem intensos, os odores se tornam muito fortes e as sensações táteis são interpretadas de modo profundo. 

Lembrando que a integração sensorial é o processo neurológico pelo qual as sensações, como da pele, olhos, articulações, gravidade e receptores sensoriais de movimento, são organizadas para uso.

Mas, além dos sintomas apresentados, há como avaliar se a pessoa tem ou não o Transtorno de Processamento Sensorial (TPS)? Sim, veja detalhes, a seguir.

Avaliação de Processamento Sensorial

Uma forma de chegar ao diagnóstico do TPS é por meio da Avaliação de Processamento Sensorial, ou SIPT, sigla em inglês. Entretanto, essa avaliação deve ser realizada pelo Terapeuta Ocupacional (TO).

Então, ocorre uma avaliação padronizada com 17 testes fundamentados e comprovados por pesquisas científicas. O SIPT avalia os resultados quantitativos e qualitativos dos distúrbios de integração sensorial.

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Além disso, vale destacar que é importante que o profissional responsável por avaliar a criança com TPS seja capacitado e tenha formação específica.

Por meio dessa avaliação é possível então realizar um diagnóstico, direcionar o melhor tratamento e dar mais orientações para a família e a escola.

O SIPT não avalia a inteligência ou o desempenho acadêmico de uma criança e é indicado para crianças de 4 a 8 anos e 11 meses. Assim, os testes são organizados em quatro categorias:

1 – Percepção Visual Motora Livre – avalia a habilidade de perceber visualmente a forma e o espaço sem envolver a coordenação motora;

2 – Somatossensorial – avalia a percepção muscular, a tátil e a das articulações; 

3 – Práxis – avalia a interpretação de instruções, a habilidade de copiar modelos simples em representação dimensional, a forma visual e a percepção de espaço e imitação de posturas corporais;

4 – Motor – avalia a coordenação bilateral (habilidade de coordenar os dois lados do corpo), equilíbrio estático e dinâmico, precisão motora e a duração dos movimentos reflexos dos olhos para identificar como está o sistema nervoso.

Medida de Processamento Sensorial

Outra forma de diagnóstico é por meio da Medida de Processamento Sensorial (SPM, sigla em inglês). Ela é uma avaliação que usa um sistema integrado de escalas de medição. Isso possibilita a avaliação de problemas de processamento sensorial, práxis e participação social da criança em idade escolar.

Reúne informações fornecidas pelos pais e escola para identificar comportamentos no cotidiano da criança. Há três formulários que incluem o SPM que ajudam a fornecer uma imagem abrangente das dificuldades de processamento sensorial das crianças.

Dessa forma, avaliam-se a participação social, visão, audição, consciência corporal (propriocepção), equilíbrio e movimento (função vestibular), planejamento e ideias (práxis) e sistemas sensoriais.

Cabe destacar que independentemente do questionário ou métodos diagnósticos utilizados, os profissionais devem usar várias outras fontes de informação ao documentar os aspectos sensoriais em crianças com autismo, incluindo entrevistas com pais e professores, além de observações comportamentais.

Referências

https://childrenstherapy.org/sensory-integration-praxis-tests/

https://ajot.aota.org/article.aspx?articleid=1879210

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Cofundadora da NeuroConecta.