Entenda por que autismo não é doença

Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, o autismo não é uma doença e sendo assim, também não tem cura.

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição relacionada ao desenvolvimento do cérebro que afeta a forma como uma pessoa percebe o mundo e se socializa.

Dessa forma, elas podem ter  dificuldades de interação social e comunicação. Porém, muitas pessoas com autismo conseguem realizar todas as suas atividades diárias, enquanto outros podem necessitar de ajuda.

Entenda as diferenças entre doença, síndrome e transtorno

No campo da saúde, os termos “doença”, “síndrome” e “transtorno” são frequentemente usados, porém muitas vezes podem gerar confusão. Compreender as nuances entre esses conceitos é fundamental para uma compreensão mais clara das condições médicas e psicológicas.

Você já parou para pensar a respeito desses termos?

Inicialmente, pode parecer que estamos falando sobre alguns sinônimos. Mas, os significados são diferentes.  Veja a seguir:

O que é doença?

Doença significa, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ausência de saúde – que é o estado de completo bem-estar físico, mental e social. Sendo assim, ocorre quando o organismo apresenta sintomas específicos que alteram suas funções.

A palavra doença vem do latim dolentia que significa “sentir ou causar dor, afligir-se, amargurar-se”. Alguns exemplos: câncer, dengue, febre amarela, malária, entre outras.

O que é síndrome?

Uma síndrome é um conjunto de sinais e sintomas que ocorrem juntos e que, quando identificados em conjunto, apontam para uma condição ou doença específica.

Uma síndrome pode não ter uma causa única identificável, e seus sintomas podem variar em gravidade e apresentação. Exemplos comuns incluem a Síndrome de Down e a Síndrome do Intestino Irritável.

O que é transtorno?

Um transtorno é uma condição de saúde mental que causa sofrimento significativo e compromete o funcionamento diário de uma pessoa. Os transtornos podem afetar o humor, o comportamento, o pensamento e a interação social.

Portanto, eles geralmente são diagnosticados com base em critérios específicos estabelecidos em manuais de diagnóstico, como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e na CID 11.

Exemplos incluem Transtorno de Ansiedade Generalizada e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH),  o Transtorno Obsessivo Compulsivo e o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Por que o autismo não é doença e sim um transtorno?

De acordo com o último Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), o Transtorno do Espectro do Autismo “é definido pela presença de déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, atualmente ou por história prévia”.

Além disso, apresentam padrões restritos e repetitivos de comportamento. Por isso, apresentam comportamentos sensoriais incomuns, interesses restritos, fixos e intensos.  No dia a dia, essas mudanças e situações novas geram medo, ansiedade, irritabilidade e podem causar crises e choros.

Dessa forma, o autismo não se encaixa na definição de doença, mas é considerado um transtorno que pode ser melhorado e tratado para que a pessoa possa se adequar ao convívio social e às atividades gerais. Os sintomas podem aparecer ainda nos primeiros anos de vida da criança.

Segundo estudiosos da Universidade de Miami (EUA), o primeiro sinal pode ser reconhecido pela comunicação não verbal. Nesse caso, pela forma como o bebê olha para os objetos e solicita o que deseja. O choro sem interrupção, apatia exacerbada, se incomodar com o toque também são sinais que devem ser notados pelos pais ou médicos.

As causas do autismo ainda não são totalmente conhecidas, porém, segundo a Associação Médica Americana, as probabilidades de uma criança ter autismo devido à herança genética são de mais de 50%. 

O autismo atinge 80 milhões de pessoas no mundo, ou seja, 1% da população mundial. A maioria é do sexo masculino – cerca de quatro meninos para uma menina.

Saiba mais sobre o autismo em meninas

Para melhorar a qualidade de vida e a interação social, as terapias indicadas promovem o acompanhamento do comportamento e visam aprimorar a comunicação.

E quanto antes ocorrer uma intervenção com especialistas, maiores serão os progressos nas relações afetivas e atividades diárias das pessoas que vivem com o autismo.

Referências:

https://www.who.int/about/who-we-are/

DSM-V, American Psychiatric Association – Manual de Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais 5ªed. Edit. Artes Médicas

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista, especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Pesquisadora na área do TEA há mais de 10 anos. Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou 4 Pós-doutorados pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.