Marcos do desenvolvimento infantil: a importância da intervenção precoce

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Desde que nasce, o ser humano passa por estágios de crescimento físico e de aquisição de novas habilidades, como aprender a sorrir, a engatinhar, a levar objetos à boca ou segurá-los com as mãos, bem como acenar e bater palmas, caminhar e tantas outras aptidões.

Essas fases são consideradas “marcos do desenvolvimento infantil” e podem variar de criança para criança.

Como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) consiste em um distúrbio neurológico complexo, ele pode impactar na capacidade de comunicação, interação social, comportamental e motora, interferindo no processo evolutivo da criança.

Estudos demonstram ser possível diagnosticar sinais que indicam o espectro antes mesmo dos 18 meses de vida.

Esse diagnóstico na primeira infância é essencial para uma intervenção precoce, considerada fundamental para melhorar os resultados evolutivos gerais das crianças no espectro possibilitando mais qualidade de vida e autonomia nas tarefas diárias, desde brincar, se vestir, até estudar, cuidar de si e da casa, entre outros.

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A detecção do TEA em fase inicial favorece também os familiares, no sentido de permitir que eles possam aprender meios de contribuir com o aperfeiçoamento físico, mental e emocional da criança, reduzindo as fragilidades características do distúrbio.

O acompanhamento de uma equipe de assistência multiprofissional, bem como suporte de instituições de apoio à criança no espectro são bem-vindas nesse processo de desenvolvimento infantil.

São consideradas como melhores práticas para intervenções em crianças menores de 3 anos com suspeita ou confirmação de TEA devem incluir uma combinação de abordagens comportamentais, como a Análise de Comportamento Aplicada (ABA) e de desenvolvimento e começar o mais cedo possível.

Para haver êxito na intervenção precoce é preciso haver o envolvimento não apenas da criança no espectro, mas de seus familiares, cuidadores e especialistas que a acompanham.

Sinais do autismo

Fique atento a determinados sinais como o momento de começar a falar, andar, interagir com o meio externo. Procure observar a evolução da criança e se ela tem demonstrado atraso significativo em algum dos aspectos que envolvem a cognição, habilidade motora, de linguagem (verbal ou não), bem como a realização de movimentos repetitivos e estereotipados constantemente.

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Por exemplo:

  • Se um bebê se fixa em objetos ou não responde às pessoas quando chamado pelo nome, constantemente, pode estar exibindo sinais precoces de uma desordem do espectro do autismo
  • Dificuldade para interações sociais – como, por exemplo, estabelecer contato visual
  • Repetição de ações ou palavras (isso quando já desenvolveram a fala)

Esses são aspectos do desenvolvimento infantil que podem ser indícios a serem acompanhados pelos pais e responsáveis pelo bebê.

Converse com seu médico e diga o que tem percebido. Lembre-se que o diagnóstico depende de múltiplos fatores, portanto, é fundamental haver uma análise adequada.

Quanto mais cedo identificado, mais fácil será de entender o que esperar do seu filho e como apoiá-lo na medida em que ele aprende e cresce.

Reconhecendo os marcos típicos no desenvolvimento infantil como facilitador na identificação de possíveis sinais de TEA (foram considerados marcadores até os 3 anos de idade de crianças neurotípicas)

Expressar um sorriso, virar de bruços, rolar na cama, sentar, engatinhar, falar, andar. Essas são algumas das habilidades que vão sendo adquiridas pelos bebês na medida em que os meses vão passando.

Essas mudanças evolutivas são os chamados “saltos” ou “marcos” de desenvolvimento. São momentos em que as crianças adquirirem novas habilidades que geralmente se enquadram em categorias como capacidades cognitivas, motoras, sociais, emocionais, de linguagem e comunicação.

Marcos de linguagem

3 meses: gritos e choro

6 meses: costuma repetir sons de consoantes (“ba-ba-ba”)

1 ano – reconhece o próprio nome e fala pelo menos uma palavra

18 meses – fala pelo menos 15 palavras

2 anos – acena, gesticula, faz sons de animais, entende o “não” e começa a formar frases unindo duas palavras.

3 anos – conhece e fala uma média de 450 palavras. Capaz de compor frases curtas. Identifica partes do corpo e cores. Usa palavras no plural.

Marcos de desenvolvimento social

3 meses – Sorri, mostra prazer em interagir

6 meses – começa a rir, joga jogos simples, segura objetos, demonstra vontade de interagir com os pais e pessoas ao redor

1 ano – emoções passam ser demonstradas, como a chamada e ansiedade na separação dos pais ou cuidador. Também passam a compreender determinados objetos como sendo “seus” (sentimento de posse).

2 anos – Imitam comportamentos dos adultos, demonstram frustração, orgulho, carinho e outras emoções

3 anos – compreendem o gênero, interagem com outras crianças

Marcos motores

4 meses – conseguem apoiar a cabeça para cima. Começam a ficar mais firmes. Empurram com os pés e pernas.

6 meses – rolam de um lado para outro. Começam a sentar com ajuda. Algumas crianças começam a engatinhar entre 6 e 8-9 meses.

1 ano – sentam sozinhos. Começam a ficar em é com apoio

18 meses – andam, bebem e comem com mais autonomia

2-3 anos – Aprendem a correr, subir e descer as escadas com ajuda, chutar uma bola, copiar linhas e círculos ao desenhar

Lembrem-se que esses marcos são parâmetros que podem variar de criança para criança. Caso haja algum atraso, converse com seu médico.

Fonte: Marcos de desenvolvimento – conteúdo adaptado de “Autism Developmental Stages

Intervenção precoce e Plasticidade Neural

A intervenção precoce possibilita que o indivíduo com TEA tenha a perspectiva de ainda na infância, nos primeiros anos de vida, conseguir superar as limitações características do espectro e se desenvolver melhor.

Como pode ser observado no artigo “Plasticidade cerebral e poda neural: compreenda a conexão com o TEA”, publicado em NeuroConecta, nos primeiros anos de vida, o bebê possui o dobro de sinapses cerebrais se comparado a um adulto.

Isso significa que há mais neurônios “dispostos” a aprender coisas novas, como engatinhar, andar, falar, se socializar – por exemplo. Com a intervenção precoce, são lançados estímulos com os quais o cérebro passa a reconhecer as conexões que têm sido utilizadas com maior frequência e reforça esses circuitos na forma de memória. Esse mecanismo é responsável por facilitar à criança levar esse registro de determinada atividade na medida em que se desenvolve, reduzindo suas limitações.

Referências:

Autism Spectrum Disorder Foundation. Early Intervention Makes a Huge Difference for Autistic Children. Disponível em http://myasdf.org/site/media-center/articles/early-intervention-makes-a-huge-difference-for-autistic-children/ Acessado em 9 de março de 2018.

Hieneman M., Gonzalez V, Chan P.. What is ABA therapy now, really?. Autism Support Network. Disponível em <http://www.autismsupportnetwork.com/news/what-aba-now-really-autism-33299272> Acessado em 18 de outubro de 2017.

Smith VK1, Dillenbeck A. Developing and implementing early intervention plans for children with autism spectrum disorders. Semin Speech Lang. 2006 Feb;27(1):10-20. Disponível em < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16440241> Acessado em 8 de março de 2018.

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Cofundadora da NeuroConecta.