Escola regular, sala especial e escola especial: como escolher?

Um dos desafios dos pais de crianças com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é saber como contribuir com o processo de aprendizagem e inclusão escolar. E também definir qual escola é mais adequada para o autista.

Isso porque muitas crianças e adolescentes com TEA apresentam dificuldades na interação e na comunicação com outras pessoas, comportamentos repetitivos e pouco interesse em realizar atividades próprias da idade. E esses comportamentos podem dificultar o aprendizado.

Optar pela escola correta contribui para que o aluno se envolva nas atividades e tenha uma experiência de qualidade. No ambiente escolar, a criança com TEA desenvolve suas habilidades, consegue aprender e brincar com outras crianças, melhorando a sua socialização.

Como há diferentes graus de autismo – de leve a grave, a necessidade ou apoio da pessoa com TEA  pode variar e o tipo de escola também.

Veja, a seguir, detalhes de como funcionam a escola regular, uma sala especial e a escola especial.

Escola regular

De acordo com a legislação brasileira, pessoas com autismo podem frequentar escolas regulares e também têm o direito de ter um acompanhamento, se necessário. Mas, os pais podem encontrar bastante dificuldade de encontrar uma escola com todos os recursos necessários para lidar com as limitações de um aluno autista.

Lembrando que a escola e a grade curricular devem ser adaptadas de acordo com as características do aluno com TEA.  É importante ter o apoio da direção da escola, pois a criança precisará de alguns recursos, profissionais e apoio especializado para atender às suas necessidades.

Os pais devem  checar atentamente a escola antes de realizar a matrícula, marcar uma visita e ver se a estrutura é adequada. É importante também manter o diálogo com o diretor ou responsável pela escola para facilitar o processo de aprendizagem.

Vale ressaltar que, de acordo com a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), o acesso à escola para crianças e adolescentes não pode ser negado — tanto na rede pública quanto na particular. E também não pode ser cobrado nenhum valor adicional nas mensalidades devido ao Transtorno.

Sala especial

Algumas crianças com o TEA não conseguem se adaptar nas escolas regulares. Muitas escolas possuem salas de aulas com uma grande quantidade de alunos e o autista pode precisar de apoio para aprender de forma efetiva. Por isso, há a opção de salas especiais, que promovem a adaptação e o ensino inclusivo.

Há também o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e as salas de recursos,  que são ambientes adaptados para auxiliar quem tem autismo. Nesse local, o professor que é capacitado,  prepara o aluno para desenvolver habilidades e utilizar instrumentos de apoio que facilitem o aprendizado.

É muito importante que  a sala especial não seja uma forma de exclusão do autista na escola. O aluno com o TEA também deve ter contato e convívio com os outros alunos. E conforme for ganhando habilidades, mesmo precisando de algumas adaptações, deve ser encaminhado para sala regular.

O ideal é que a escola consiga fazer que o aluno transite entre a sala regular e a especial. Por exemplo, em uma matéria específica que o aluno apresenta mais dificuldades ele frequenta a sala especial, já em outras matérias a sala regular. Essa pode ser uma forma de desenvolver as habilidades dos autistas com mais apoio especializado. 

Escola Especial

A escola especial sempre foi vista como a primeira opção para os autistas. Geralmente, nesse local há outras crianças com diferentes tipos de deficiências.

Há escolas que se dedicam a apenas um tipo de necessidade, mas geralmente, o objetivo dessas instituições é promover a igualdade de oportunidades e oferecer uma educação de qualidade.

Vale lembrarqueentende-se por educação especial, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”.

Por isso, o ensino passa a ser de acordo com as diferenças individuais do aluno. Baseia-se na noção de que as necessidades dessas crianças não podem ser supridas nas escolas regulares.

As escolas especiais atendem diferentes tipos de necessidades especiais: alunos que são totalmente dependentes e precisam de acompanhamento 24h; aqueles já conseguem entender as regras sociais, se defender dos perigos, repartir e respeitar os outros e também os alunos que possuem habilidade de adaptação pessoal e social.

Conta para gente qual tipo de escola o seu filho (a) estuda e quais foram os desafios de adaptação!

Referências

https://www.verywellhealth.com/educational-options-for-children-with-autism-260393

https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-28092012-135842/publico/solange_rev.pdf

https://novaescola.org.br/conteudo/57/legislacao-inclusao-autismo

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista, especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Pesquisadora na área do TEA há mais de 10 anos. Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou 4 Pós-doutorados pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.