Saiba mais sobre o Transtorno Bipolar

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Hoje vamos falar um sobre uma condição bastante comum em pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo que é o Transtorno Bipolar.

Provavelmente, você já escutou  alguém sendo chamado de bipolar quando estão se referindo a uma pessoa que muda de humor ou opinião rapidamente e de forma repentina.  

Mas, o Transtorno Bipolar vai muito além dessa característica e é um assunto bastante sério que pode afetar até 30% das pessoas com autismo, de acordo com diversas pesquisas. E estima-se que esse Transtorno Bipolar atinja cerca de 1-2% da população.

Por ser bastante comum em pessoas com autismo é importante reconhecer os sinais e os sintomas de cada Transtorno para que ocorra o diagnóstico e a pessoa com autismo e bipolaridade possa ter mais qualidade de vida. Mas por que isso acontece?

Algumas pesquisas mostram que alguns dos genes relacionados ao Transtorno Bipolar podem estar ligados ao surgimento do Transtorno do Espectro do Autismo. Mas, ainda precisam ser realizados mais estudos para entender a relação entre esses Transtornos.

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Além disso, sabe-se que os transtornos bipolares estão associados a algumas alterações funcionais do cérebro como ocorre com quem tem autismo. As causas da bipolaridade variam bastante, mas os cientistas já sabem que  há componentes genéticos e ambientais.

Em alguns casos há alterações cerebrais associadas a um desequilíbrio de substâncias intracelulares envolvidas na regulação de neurotransmissores como dopamina, noradrenalina e serotonina ou alterações súbitas na estrutura ou na função de áreas cerebrais que participam da regulação do humor.

O Transtorno Bipolar causa alterações no comportamento e leva uma pessoa a oscilar bastante entre momentos de felicidade (euforia) e depressão repentinamente. São as chamadas “oscilações de humor”  e isso significa que a pessoa alterna entre a mania, que é um estado eufórico para um estado depressivo.

A intensidade do quadro pode ser leve, moderada ou grave. É bastante comum que a pessoa manifeste estados de humor variados no mesmo dia ou em curtos espaços de tempo.

Tipos de Transtorno Bipolar

Há tipos de transtorno bipolar, os mais comuns são o tipo 1 e 2. A principal diferença entre os esses dois tipos de transtornos bipolares é a gravidade dos episódios maníacos causados ​​por cada tipo.

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Uma pessoa com bipolar 1 experimentará um episódio maníaco completo,  já quem tem o tipo 2 terá apenas um episódio hipomaníaco, ou seja, com menos intensidade.

Na fase maníaca, a pessoa apresenta aumento de energia, um humor eufórico e mania de grandeza. Os sinais de um episódio maníaco incluem felicidade extrema e otimismo, muita energia e agitação, autoestima inflada, distúrbios do sono e uma distração excessiva. Em geral, a mudança do comportamento é súbita e sem motivo aparente.

Eles têm pouco controle do temperamento e também podem ter compulsão por comida ou fazer uso de bebidas alcoólicas em excesso. É comum que fiquem hiperativos, agitados e falem muito. Essa fase maníaca pode durar dias e até meses.

Geralmente, a mudança do comportamento na euforia é súbita, mas a pessoa não percebe a sua alteração ou a atribui a algum fator do momento. O senso crítico e a capacidade de avaliação objetiva das situações ficam prejudicados ou ausentes, com explosões de raiva e fúria.

Também é comum que eles vivenciem um estado de mania mais leve e que traz menos prejuízo. Nesses episódios que são chamados de hipomaníacos ocorrem um aumento de energia, porém a pessoa se dispersa e perde mais tempo com detalhes.

Há também o transtorno ciclotímico, ou seja, oscilações crônicas do humor, que podem ocorrer até no mesmo dia. Por isso, a pessoa alterna sintomas de hipomania e de depressão leve. Nesses casos, esses comportamentos são confundidos com um temperamento instável ou irresponsável.

Já quando entram no episódio depressivo há uma alteração brusca de comportamento. Por isso, ficam bastante deprimidos, sem energia, falta iniciativa, perdem o prazer nas atividades, há alteração do sono e apetite e não conseguem se concentrar. Nessa fase, a pessoa fica muito para baixo, sente-se inútil, com baixa autoestima e apresenta pensamentos suicidas com frequência.

Em alguns casos, as duas fases ocorrem ao mesmo tempo. E aí os sintomas maníacos e depressivos podem ocorrer juntos ou rapidamente um após o outro. Essa situação recebe o nome de estado misto.

Sintomas do Transtorno Bipolar

Então vamos destacar os sintomas resumidamente de cada fase.

Na fase maníaca sentem-se excessivamente feliz, tem menos sono, falam muito rápido, muitas vezes com pensamentos acelerados, são extremamente inquietos ou impulsivos, distraídos em excesso, muito confiantes e envolvem-se em comportamentos de risco, como fazer sexo sem proteção ou gastam muito dinheiro.

Como a mania, a depressão também pode causar outros sintomas, como sentir-se triste ou sem esperança por longos períodos de tempo, se isolam de amigos e familiares, perdem o interesse em atividades, há mudança significativa no apetite, estão sempre com fadiga severa ou falta de energia.

Há também problemas com memória, concentração e para tomar decisões e podem pensar em suicídio com bastante frequência. Além disso, eles podem abusar do álcool, drogas ou de outras substâncias, o que piora ainda mais os sintomas.

Como podemos perceber, a bipolaridade causa muito sofrimento. Mas, apesar de começar a se manifestar na infância, adolescência ou início da idade adulta, o diagnóstico pode demorar para chegar e a pessoa fica sem o tratamento adequado por anos.

Sobre o diagnóstico do Transtorno Bipolar

O diagnóstico do transtorno bipolar é complexo, assim como o de outros problemas psiquiátricos, uma vez que  não conta com exames precisos, de sangue ou de imagem, que revelem biomarcadores que confirmem a bipolaridade. Os especialistas se valem de sinais clínicos e da evolução do paciente ao longo do tempo para fechar o quadro. Por isso, ter um especialista em bipolaridade nesse processo é fundamental.

O diagnóstico pode ser realizado com uma análise psicológica, observação de comportamentos e alterações de humor. Após o primeiro episódio, há um risco de aproximadamente 90% de a pessoa ter outro episódio em algum momento de sua vida. 

O transtorno bipolar inicia, em sua maioria, perto dos 15 aos 19 anos, apresentando um episódio depressivo como quadro inicial, mas as crianças também pode apresentar bipolaridade.

É extremamente importante que os pais conversem com os pediatras ou médicos para realizar uma avaliação assim que desconfiarem de uma comorbidade, ou seja, quando há o autismo e o transtorno bipolar na mesma pessoa.

O tratamento é realizado com medicação e intervenções comportamentais. Vale destacar, que não tem cura, pois não é uma doença, mas o Transtorno Bipolar pode ser controlado com os medicamentos adequados que estabilizam o humor.   Também pode ser necessárias as mudanças no estilo de vida, como parar de usar cafeína, álcool e outras drogas, por exemplo e aumentar os hábitos saudáveis de alimentação,  sono e redução dos níveis de estresse.

Quanto mais rapidamente o transtorno for diagnosticado, menos irá interferir na vida da pessoa.

Se você está desconfiado que algum ente querido com autismo também tem o transtorno bipolar, não deixe de procurar ajuda o quanto antes. O objetivo do tratamento é estabilizar o humor e evitar grandes variações de temperamento.

Os sintomas do transtorno bipolar podem ser difíceis de identificar em crianças e adolescentes.  O tratamento adequado e realizar um acompanhamento com profissionais são fundamentais para que a pessoa com bipolaridade ganhe qualidade de vida e consiga realizar suas atividades.

Um dado bastante importante é que 50% das pessoas com Transtorno Bipolar tentam o suicídio pelo menos uma vez na vida e 15% realmente se suicidam.

Estima-se que atualmente, as pessoas levam em média dez anos para serem diagnosticados com transtorno bipolar. O desconhecimento e o preconceito sobre esse transtorno do humor são os principais motivos que levam a essa demora.

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Cofundadora da NeuroConecta.