Se a criança teve atraso na fala, não é autista nível 1 de suporte

A Criança apresentou atraso na fala, mas recebeu diagnóstico de autismo nível 1? E aí esse diagnóstico está correto? No artigo de hoje vamos discutir esse importante tema.

É natural que os pais fiquem angustiados ao perceberem atrasos na fala dos pequenos, como por exemplo não dizer palavras com um ano de idade ou ainda não formar frases aos dois anos de idade.

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Essa preocupação pode levar à investigação de atrasos no desenvolvimento, e, em alguns casos, ao diagnóstico de autismo.

Atraso da fala não é critério diagnóstico

Lembrando que atraso na fala não é critério diagnóstico do autismo, o DSM-5 traz como critério os déficits na comunicação social e na comunicação não verbal, mas muitas crianças com autismo apresentam sim atraso na fala e essa é uma queixa comum dos pais.

Aliás, geralmente é o sinal de alerta que faz com que os pais procurem ajuda de um especialista. Então, atraso na fala é um sinal comum, mas não é critério diagnostico…

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Saiba mais em: Como é realizado o diagnóstico do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)?

Nós já escutamos muito a seguinte frase: se fala não é autista… e isso está completamente errado. Muitas pessoas autistas não apresentam atraso na fala o que é o caso por exemplo das pessoas autistas nível 1 de suporte.

Leia também: Saiba mais sobre os níveis de suporte

Geralmente criança muito pequenas que já apresentam atrasos significativos e que recebem diagnostico de autismo bem cedo não se enquadram no nível 1.

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Se os sinais de atrasos já estão muito evidentes bem cedo, ali antes dos 2-3 anos de idade não deve ser nível 1 de suporte, porque as necessidades de suporte já são maiores.

Portanto geralmente é nível 2 ou 3 de suporte.

Então, quando uma criança apresenta atraso na fala, isso pode gerar preocupação e, muitas vezes, leva à suspeita de autismo. Quando o autismo é nível 1, os sintomas são mais sutis e geralmente não incluem atrasos na fala.

Muitas mães nos escrevem para tirar alguma dúvida e o que geralmente escutamos é “meu filho tem atraso na fala e recebeu diagnóstico de autismo nível 1”. Bom, se apresenta atraso na fala, significa que a criança tem uma necessidade maior de suporte, portanto não se enquadra no nível 1.

“Ah mas meu filho tem 6 anos hoje e agora ele fala pois se desenvolveu” Sim, é possível que hoje ele esteja no nível 1 de suporte, mas lá atras quando recebeu o diagnóstico não…. com os estímulos, intervenções hoje ele necessita de menos suporte e é nível 1.

Aliás esse é o objetivo da intervenção, trabalhar para que a criança desenvolva as habilidades e conquiste mais independência e autonomia.

Deficiência Intelectual

O mesmo acontece com a Deficiência Intelectual (DI). Se tem DI como comorbidade, isso geralmente significa que a necessidade de suporte da pessoa autista é maior, portanto não deve ser nível 1 e sim nível 2 ou nível 3…

Portanto, atrasos significativos na fala e na comunicação podem indicar um maior nível de suporte.

Quando a criança apresenta um atraso significativo na fala e na comunicação, sem desempenhar essas funções como seus colegas da mesma idade, isso pode indicar uma maior gravidade nos sintomas.

De acordo com os manuais classificatórios atuais, essa condição aponta para uma necessidade maior de suporte.

Crianças que necessitam de mediação constante na escola e em casa, com um acompanhamento mais intensivo, se enquadram em um nível de suporte maior (nível 2 ou nível 3), conforme o DSM-5.

Portanto, se tem atraso na fala e DI associada não é nível 1 de suporte.

Pesquisas mostram que crianças que desenvolvem a fala antes dos 5 anos tendem a ter um prognóstico melhor, com mais independência em comparação com aquelas que falam depois dos 5 anos, que geralmente apresentam sintomas mais intensos e necessitam de mais suporte.

Mas é importante lembrar que a comunicação não é apenas sobre a fala, mas sobre sua função social e expressiva. Algumas crianças podem não falar, mas ainda assim conseguem se comunicar de forma eficaz.

O fundamental é que a criança use a fala ou outros meios para se expressar e interagir de maneira funcional. Por mais que a fala não esteja desenvolvida ainda, nós precisamos ensinar essa criança se comunicar de forma funcional.

Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA)

Por isso se seu filho não desenvolveu a fala ainda é muito importante implementar a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), pois precisamos dar voz para essa criança.

Além disso, as pesquisas mostram que a CAA estimula o desenvolvimento da fala, se utilizada e implementada da maneira correta por profissionais capacitados. Portanto, procure sempre ajuda de um especialista.

E claro as outras intervenções como terapia da fala com a fonoaudióloga, a intervenção ABA, intervenção motora, entre outras devem ser realizadas.

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Foto de Dra. Fabiele Russo

Dra. Fabiele Russo

Neurocientista e pesquisadora na área do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestra e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou Pós-doutorado pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.
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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista e pesquisadora na área do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestra e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou Pós-doutorado pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.