Saiba mais sobre a Comunicação Aumentativa Alternativa (CAA)

Quando falamos em comunicação e no ato de se comunicar, geralmente pensamos nas palavras e na fala. Mas, a comunicação entre as pessoas é muito mais abrangente e há diversos recursos para que ela ocorra.

Como sabemos, algumas pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)  apresentam dificuldades para se expressar ou falar. Por isso, a Comunicação Aumentativa Alternativa (CAA) pode ser muito eficiente.

Você já ouviu falar sobre CAA?

A Comunicação Aumentativa Alternativa (CAA) contribui com pessoas com dificuldades de fala, escrita funcional ou com prejuízos em sua comunicação ou capacidade de escrever. Por isso, utiliza cartões e pranchas de comunicação, vocalizador ou outros recursos para auxiliar nas habilidades de compreensão e expressão.

Os sistemas de baixa tecnologia usam equipamentos como cartões, quadros ou livros com fotos ou imagens que representam tarefas, ações ou objetos. 

As crianças com TEA podem aprender a usar essas ferramentas para entender o que as pessoas estão dizendo, pedir o que precisam, fazer comentários e responder às perguntas de outras pessoas.

Podem ser usados auxílios externos como cartões de comunicação, pranchas de comunicação, pranchas alfabéticas e de palavras, vocalizadores ou o próprio computador que, por meio de software específico, pode tornar-se uma ferramenta poderosa de voz e comunicação.

Vale destacar que os recursos de comunicação de cada pessoa são construídos de forma totalmente personalizada e levam em consideração várias características que atendem às necessidades da pessoa.

A seguir vamos detalhar algumas formas de Comunicação Alternativa.

Conheça o PECs

Do inglêsPicture Exchange Communication System, ou Sistema de Comunicação por Troca de Figuras, é uma estratégia que usa recursos visuais como ferramenta para quem tem o Transtorno do Espectro do Autismo poder se comunicar.

A técnica  possui mais de 11 mil símbolos.  São desenhos simples e claros, de fácil reconhecimento, adequados para pessoas de qualquer idade.

Dessa forma, o autista consegue compartilhar um sentimento ou pensamento ou se expressar por meio do uso de imagens simples. O objetivo é possibilitar uma comunicação funcional, rápida e autônoma e, também, contribuir com o desenvolvimento da fala.

Ao todo, são seis fases. A primeira visa usar imagens de itens como objetos, pessoas, animais para estimular a fala espontânea.

Na segunda etapa, as imagens são aplicadas em diferentes contextos, com mais pessoas e distantes do cotidiano ao qual já estavam acostumados a dialogar. Em um terceiro momento, a criança aprende a escolher entre uma galeria de imagens pessoal a figura  que melhor define o que ela quer falar.

A criança com autismo aprende a escolher entre duas ou mais fotos para pedir seus objetos favoritos. Geralmente, essas imagens ficam em um livro de comunicação, um fichário com tiras de velcro onde as imagens são armazenadas e facilmente removidas para comunicação.

Com o tempo, a criança aprende a construir sentenças simples e o PECS possibilita ainda a criança responder às perguntas feitas a ela como “o que você quer?”, “o que é isso”? etc.

É uma técnica muito usada para aperfeiçoar a habilidade de comunicação, principalmente entre crianças não verbais. O PECS é uma intervenção de linguagem de baixa tecnologia e relativamente barata.

Tecnologia a favor da comunicação

Atualmente, existem diversos programas que facilitam a inclusão de alunos e ajudam na comunicação.

Há um software chamado de Boardmaker  que foi desenvolvido especificamente para criação de pranchas de comunicação alternativa, utilizando símbolos e várias ferramentas que permitem a construção de recursos de comunicação personalizados.

E  Speaking Dynamically Pro (SDP)  utiliza os recursos do computador para agregar funcionalidades poderosas como permitir que as pranchas falem por meio de síntese de voz.

Além disso, há várias ferramentas de programação fáceis de usar e que permitem que a  comunicação seja efetiva.

 As crianças com TEA costumam ser boas no processamento visual e, além disso, muitos aplicativos foram projetados para uso com iPads e dispositivos celulares para ajudar as crianças a desenvolver suas habilidades de comunicação.

Referências

https://www.nationalautismresources.com/the-picture-exchange-communication-system-pecs/

https://www.aacandautism.com/why-aac

https://raisingchildren.net.au/autism/development/language-development/augmentative-communication-asd

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista, especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Pesquisadora na área do TEA há mais de 10 anos. Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou 4 Pós-doutorados pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.