Quantos Graus de Autismo Existem? Entenda os Diferentes Níveis do TEA

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento do indivíduo. Muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre como o autismo é classificado e perguntam: quantos graus de autismo existem?

Durante muitos anos, o autismo foi categorizado em diferentes tipos, como Síndrome de Asperger, Autismo Clássico, Autismo Infantil, entre outros.

No entanto, com a publicação do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), essa classificação mudou. Hoje, não falamos mais em graus, mas sim em níveis de necessidade de suporte.

Neste artigo, você entenderá melhor essa abordagem, conhecerá os três níveis do TEA e aprenderá como cada um deles se manifesta no dia a dia. Se você tem um familiar, amigo ou trabalha com pessoas autistas, esta informação será fundamental para compreender suas necessidades e apoiar da melhor forma possível.

Afinal, quanto mais conhecimento tivermos sobre o autismo, melhor poderemos promover inclusão e qualidade de vida para todas as pessoas dentro do espectro.

O Que é o Espectro do Autismo?

O termo “espectro” no autismo indica que a condição pode se manifestar de diversas formas e com intensidades variadas. Algumas pessoas com TEA possuem grandes habilidades cognitivas e conseguem levar uma vida relativamente independente, enquanto outras podem necessitar de suporte intenso para tarefas diárias.

O TEA não é uma doença, mas sim uma diferença no desenvolvimento neurológico. Isso significa que o cérebro de uma pessoa autista funciona de maneira diferente do cérebro neurotípico. Essas diferenças afetam principalmente a maneira como a pessoa interage socialmente, comunica-se e processa estímulos sensoriais.

É importante destacar que não existe “cura” para o autismo, pois ele não é uma condição passageira ou uma patologia que precisa ser tratada. Em vez disso, as abordagens terapêuticas são focadas em melhorar a qualidade de vida, estimular a autonomia e desenvolver habilidades que facilitem a interação com o mundo ao redor.

Outro ponto essencial a ser compreendido é que o TEA não é causado por vacinas, alimentação ou fatores externos. Estudos científicos indicam que a condição tem uma base genética, embora fatores ambientais também possam influenciar seu desenvolvimento.

Sendo assim, falar em graus de autismo pode não ser a abordagem mais precisa. O que realmente importa é identificar o nível de suporte necessário para que cada pessoa possa viver com dignidade, respeito e autonomia.

Saiba mais: O que é o autismo (TEA)?

Leia também: Sinais do Autismo – Conheça 14 sinais que são comuns em crianças com autismo

Quantos Graus de Autismo Existem?

Muitas pessoas ainda utilizam a terminologia “graus de autismo” para se referir às diferentes manifestações do TEA. No entanto, a classificação atual adotada pelo DSM-5 divide o espectro autista em três níveis:

  1. Nível 1 – Necessidade de pouco suporte
  2. Nível 2 – Necessita de suporte substancial
  3. Nível 3 – Necessita de suporte muito substancial

Essa classificação baseia-se no grau de suporte necessário para que a pessoa consiga desempenhar atividades diárias. Isso significa que duas pessoas com autismo podem ter características semelhantes, mas necessitar de níveis de apoio diferentes.

Além disso, dentro de cada nível, há uma grande variação individual. Algumas pessoas podem apresentar dificuldades mais evidentes na comunicação, enquanto outras podem ter desafios maiores na regulação emocional ou no processamento sensorial.

Vale ressaltar que os sintomas do autismo não são fixos. Com o acompanhamento adequado e intervenções terapêuticas, muitas pessoas podem desenvolver habilidades e reduzir suas dificuldades ao longo do tempo.

Agora, vamos explorar cada um desses níveis em detalhes.

Nível 1 – Autismo Leve (Necessita de pouco suporte)

O Autismo Nível 1 é o mais próximo da antiga classificação de Síndrome de Asperger. Pessoas nesse nível podem ter um alto grau de autonomia, mas ainda assim enfrentam dificuldades na interação social e na comunicação.

Entre as principais características desse nível, podemos destacar:

  • Dificuldade em compreender regras sociais implícitas, como ironias, piadas e expressões faciais.
  • Necessidade de rotina e resistência a mudanças inesperadas.
  • Interesse intenso em assuntos específicos, muitas vezes demonstrando grande conhecimento sobre eles.
  • Dificuldade em iniciar ou manter conversas, especialmente em ambientes sociais.
  • Sensibilidade sensorial moderada, como desconforto com barulhos altos, texturas ou cheiros.

Embora muitas pessoas com autismo nível 1 possam levar uma vida independente, elas ainda precisam de suporte terapêutico e estratégias para lidar com desafios sociais e emocionais.

Autismo Nível 2 – Necessita de suporte substancial

No Autismo Nível 2, os desafios na comunicação, na interação social e nos comportamentos repetitivos são mais evidentes. Essas pessoas necessitam de suporte regular para desempenhar atividades do dia a dia.

Algumas características desse nível incluem:

  • Dificuldade significativa na comunicação verbal e não verbal.
  • Maior resistência a mudanças na rotina, podendo apresentar crises de ansiedade quando há alterações inesperadas.
  • Comportamentos repetitivos mais frequentes, como movimentos estereotipados (balançar as mãos, girar objetos, ecolalia).
  • Interesses restritos que podem interferir na participação em atividades cotidianas.
  • Sensibilidades sensoriais mais intensas, como aversão a certos sons, luzes ou texturas.

Dessa forma, o suporte para pessoas com autismo nível 2 pode envolver terapia ocupacional, acompanhamento psicológico e intervenções educacionais especializadas.

Autismo Nível 3 – Necessita de suporte muito substancial

O Autismo Nível 3 é caracterizado por uma grande necessidade de suporte em todas as áreas da vida. Pessoas nesse nível apresentam dificuldades severas na comunicação, interação social e adaptação ao ambiente.

Entre as principais características do autismo severo, destacam-se:

  • Dificuldade extrema na comunicação verbal e não verbal. Algumas pessoas podem não desenvolver linguagem falada.
  • Pouca ou nenhuma iniciativa social, mesmo com familiares próximos.
  • Comportamentos repetitivos intensos, como autoestimulação ou autoagressão.
  • Dificuldades motoras e problemas sensoriais severos.
  • Necessidade de apoio constante para tarefas básicas, como alimentação e higiene.

O suporte para pessoas com autismo nível 3 deve ser contínuo, envolvendo uma equipe multidisciplinar de terapeutas, médicos e educadores.

Conclusão

Agora que você compreende os três níveis do espectro autista, fica claro que cada pessoa autista é única. O diagnóstico precoce e um acompanhamento adequado são essenciais para melhorar a qualidade de vida e promover a inclusão.

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Leia também: Entenda quais são os direitos dos autistas

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista e pesquisadora na área do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestra e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou Pós-doutorado pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.
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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista e pesquisadora na área do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestra e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou Pós-doutorado pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.