O que são escalas de avaliação?

Você já ouviu falar das escalas de avaliação? Elas são usadas para ajudar no diagnóstico do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Podem ser definidas como ferramentas de triagem que são capazes de detectar os comportamentos atípicos de crianças precocemente.

As escalas de avaliação são baseadas em estudos clínicos sólidos, ou seja, foram testadas e seguem as metodologias científicas. Isso significa que são instrumentos seguros para identificar os sinais de autismo.

Vale destacar que a avaliação e o diagnóstico de pessoas com suspeita de autismo devem ser amplos e, sempre que possível, realizados por diferentes profissionais. Isso é necessário porque o TEA afeta diversas áreas e abrange a atuação profissional de especialistas da área da saúde e educação.

A seguir, veja detalhes de algumas escalas de avaliação e sua importância para o diagnóstico do autismo.

ADI-R

A sigla significaAutism Diagnostic Interview-Revised, ou seja, Entrevista Diagnóstica para o Autismo Revisada, em tradução livre. É uma entrevista diagnóstica aplicada no principal cuidador da criança com suspeita de autismo.

Fornece uma avaliação ao longo da vida dos comportamentos das crianças a partir dos 5 anos até o início da idade adulta e com idade mental a partir dos 2 anos de idade. Leva cerca de uma hora e meia para ser concluída.

Avalia a qualidade da interação social recíproca, como é a comunicação e a linguagem e os comportamentos repetitivos, limitados e estereotipados.

A entrevista conta com perguntas introdutórias; questões sobre comunicação, sobre desenvolvimento social e o brincar e é feita uma investigação sobre comportamentos repetitivos e restritos.

CARS

A sigla significa Childhood Autism Rating Scale, ou seja, Escala de Avaliação do Autismo na Infância. É uma escala de avaliação que conta com 15 itens que contribuem com o diagnóstico e identificação de crianças com autismo.

Por meio dela, é possível diferenciar o grau de comprometimento do autismo entre leve, moderado e severo. Pode ser realizada em qualquer criança com mais de 2 anos de idade.

A escala avalia o comportamento em 14 habilidades: interação com as pessoas, imitação, resposta emocional, uso do corpo e de objetos, adaptação à mudança, reação a estímulos visuais e auditivos, a resposta e uso da gustação, olfato e tato; medo ou nervosismo, comunicação verbal e não verbal, nível de atividade e a coerência da resposta intelectual e impressões gerais.

A pontuação atribuída a cada domínio varia de 1 (dentro dos limites da normalidade) a 4 (sintomas autísticos graves).

ADOS-2

A sigla significa Autism Diagnostic Observation Schedule, ou seja, Protocolo de Observação para Diagnóstico de Autismo, e é uma escala de observação.

É uma entrevista estruturada e completa, além de uma observação que avalia objetivamente a habilidade social, de comunicação e o comportamento de pessoas com TEA, desde crianças até adultos.

A avaliação do ADOS usa situações sociais planejadas para ter respostas e interações interpessoais. Utilizam-se termos padronizados, materiais, atividades, introduções de atividades e sequências hierárquicas de atividades sociais.

O ADOS é dividido em quatro módulos: usado para crianças com fala limitada; para quem sabe falar, mas não é verbalmente fluente; com crianças verbalmente fluentes e adolescentes e adultos verbalmente fluentes. 

Os comportamentos são classificados em quatro domínios: interação social recíproca; comunicação/linguagem; comportamentos estereotipados/restritivos e humor e comportamentos anormais não específicos.

Cada módulo leva cerca de 40 minutos para ser concluído. Os comportamentos recebem uma pontuação entre zero e três: zero indica um comportamento normal, enquanto três indica que há uma disfunção comportamental.

ADI-R

O ADI-R  vem do inglês Autism Diagnostic Interview-Revised e em tradução livre significa Entrevista para Diagnóstico do Autismo Revisada.

Sendo assim, é uma escala de entrevista que é realizada com os pais ou responsáveis pela pessoa com suspeita de autismo. Ela mede os comportamentos nas áreas de interação social, comunicação e linguagem e padrões de comportamentos. 

A entrevista visa descobrir toda a história do desenvolvimento da pessoa e pode ser realizada em um consultório, em casa ou em outro ambiente.

O especialista faz perguntas para identificar comportamentos. Após a conclusão da entrevista, ocorre uma avaliação que pontua de 0 a 9 de acordo com cada pergunta realizada e os especialistas conseguem assim definir se a pessoa está dentro do Espectro do Autismo.

Referências:

https://www.appliedbehavioranalysisprograms.com/faq/what-is-the-autism-diagnostic-observation-schedule/

https://psychiatry.weill.cornell.edu/education-training/adi-r

https://www.verywellhealth.com/adi-r-test-use-in-autism-diagnosis-260241

https://www.carautismroadmap.org/childhood-autism-rating-scale

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista, especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Pesquisadora na área do TEA há mais de 10 anos. Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou 4 Pós-doutorados pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.