O que fazer quando o aluno tiver uma crise na sala de aula?

Patrocinado

Os momentos de crise e comportamentos explosivos ou agressivos de crianças ou jovens com autismo estão entre os problemas mais desafiadores e estressantes enfrentados por pais, cuidadores e professores.

Tais comportamentos colocam essas crianças em risco de isolamento das atividades sociais, educacionais e familiares. Muitas vezes, as crianças podem se sentir confusas com a situação e não ter ideia das consequências de seu comportamento inadequado.

Essas crises frequentes também podem limitar a capacidade de aprendizado e dificultar as interações e relacionamentos sociais. No entanto, as crises ocorrem devido a incapacidade do autista entender as demandas dos pais e professor, por terem dificuldade para se comunicar e expressar suas necessidades e desejos e também muitas vezes por conta dos problemas sensoriais que é muito comum no autismo.

Como prevenir as crises

Uma forma de evitar as crises é conhecer quais são os gatilhos que levam a este comportamento. Por isso, os pais e terapeutas devem sempre conversar com os professores, coordenadores pedagógicos e apontar o que pode provocar uma crise e o que pode ser feito em cada caso.

Raiva, medo e ansiedade também podem afetar o comportamento. Mães e pais que estão passando por um divórcio ou uma mudança de emprego, por exemplo, pode afetar o comportamento do autista. Nesses casos, é fundamental assegurar que tudo está bem e não há motivo para se preocupar.

Patrocinado

Estar com fome, cansado, sono ou com sede pode deixar a criança mais irritada.

Durante uma crise, os adultos devem sempre manter a voz e comportamento calmos, esperar a criança se acalmar e dar apoio. Entender o que aconteceu e conversar com a criança.

Os pais e educadores devem ser vistos como pessoas que vão ajudá-los a resolver problemas. A comunicação precisa ser clara, é preciso falar que você está ali por ele/ela e que isso vai passar.

Também é importante se assegurar que a criança autista não está sentindo dor ou algum desconforto. E ela precisa ficar em um local seguro para evitar se machucar ou agredir outros colegas.

 O que fazer se a crise for na sala de aula

É importante que os professores sejam capacitados para lidar com uma crise dentro da sala de aula. E algo que faz a diferença é conhecer a criança autista. Algumas perguntas que podem ajudar:

  • A criança gosta de ser tocada ou deve-se evitar esse tipo de contato?
  • Quais são as limitações sensoriais?
  • Quais são os objetos prediletos que podem acalmá-la?
  • É importante falar ou ficar em silêncio?

Os professores precisam saber o que está acontecendo com a criança no dia a dia. Por isso, os pais devem comunicar qualquer mudança na rotina, nos medicamentos, padrões do sono e dieta. Isso contribui para que seja possível prever alguma alteração de comportamento.

Os professores precisam reconhecer a mudança de comportamento e oferecer assistência ao aluno com TEA por meio de diversas estratégias.

Como em todos os casos, a intervenção física deve ser usada apenas como último recurso (com calma, sem machucar) e somente quando o comportamento da criança representa um risco maior para sua segurança e bem-estar.

Permita que o aluno autista tenha mais tempo para processar as informações. Nesse momento, é importante ser paciente.

Muitas vezes, os indivíduos com TEA apresentam ansiedade e frustração devido às dificuldades de aprendizagem. É importante rever se os materiais didáticos precisam ser adaptados ou a forma de ensino alterada.

Outras estratégias:

  • Informar e preparar o autista para quaisquer mudanças na rotina;
  • Reconheça as emoções e perceber quando ele/ela quer se isolar;
  • Desvie a atenção da criança com objetos e brinquedos que ela gosta;
  • Ensine o aluno a se comunicar quando estiver chateado;
  • Oferecer alternativas para algo que não é possível (e que a criança quer) para fazê-la sentir que tem algum controle da situação;
  • Verifique se tem algum desconforto físico (fome, febre, frio etc.);
  • Aprenda com crises anteriores e modifique sua estratégia, conforme necessário.

Referências:

https://www.autismparentingmagazine.com/autism-meltdowns/#What_is_an_autism_meltdown

https://www.autismspeaks.org/tool-kit-excerpt/planning-crisis

https://www.iidc.indiana.edu/irca/articles/ever-had-a-crisis-kind-of-day.html

WhatsApp
Facebook
Pinterest
Telegram
Twitter
Patrocinado

Você irá ler neste artigo

Quem leu gostou do artigo!!!
Quem leu gostou do artigo!!!
Dra. Fabiele Russo

Dra. Fabiele Russo

Neurocientista especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Cofundadora da NeuroConecta.