Mutismo seletivo e autismo: qual é a relação?

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O mutismo seletivo é um transtorno de ansiedade infantil em que a criança é incapaz de falar em alguns ambientes e com algumas pessoas. 

Geralmente, ela pode falar normalmente em casa, por exemplo, ou quando está sozinha com seus pais. Mas não consegue falar em outros ambientes sociais na escola, em público ou em reuniões de família. 

A criança sente que não consegue falar, porém há uma incapacidade que gera grande angústia. Independentemente da situação mesmo com dor ou se precisa usar o banheiro, a pessoa não se comunica.

Muitas vezes, pode ser confundido com timidez, dificuldade de adaptação a um ambiente ou idioma. E, em alguns casos, pode ser diagnosticado erroneamente como o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Os sintomas podem variar de acordo com  cada criança, mas geralmente causa sofrimento ao indivíduo e aos que estão à sua volta. Costuma ser percebido na infância, mas o Mutismo Seletivo pode continuar pela adolescência e na fase adulta.

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Principais sintomas

O Mutismo Seletivo ocorre entre os 3 e 6 anos de idade, mas há casos em que o diagnóstico é realizado apenas após a criança ingressar na escola.

Alguns sintomas podem ser semelhantes ao autismo, por isso é importante ter bastante atenção e buscar ajuda especializada.

Veja detalhes dos sinais:

  • são capazes de se comunicar de forma clara e eficaz em ambientes onde se sintam confortáveis, seguras e calmas;
  • não iniciam a fala ou respondem em ambientes sociais;
  • lutam para ler em voz alta, falar na frente da classe ou trabalhar em grupos grandes;
  • o fato de não falar em certas situações pode interferir nas relações sociais e acadêmicas;
  • timidez excessiva;
  • isolamento social;
  • medo de ficar envergonhado na frente de um grupo;
  • acessos de raiva;
  • traços compulsivos;
  • negatividade.

Quantas pessoas são atingidas e quais são as causas?

O Mutismo Seletivo é um distúrbio relativamente raro. De acordo com o DSM-5, a ocorrência dessa condição varia entre 0,03% e 1%. A idade média de início é antes dos 5 anos, mas muitas crianças não são diagnosticadas até entrarem na escola.

As causas ainda não são conhecidas, mas há alguns fatores de risco que indicam a prevalência do distúrbio.

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O que se sabe é que pode ter um componente genético e questões ambientais que podem influenciar o aparecimento do Mutismo Seletivo em algumas crianças.

Diagnóstico precoce

O Mutismo Seletivo pode atrapalhar bastante a qualidade de vida e o desempenho escolar das crianças. Além disso, elas pode ter problemas de interação social e dificuldades para ter amigos. Tudo isso pode causar problemas de autoestima e ansiedade social.

Por essas razões, é muito importante ter um diagnóstico precoce. Pode ser necessário passar por um psicólogo ou psiquiatra para checar se há problemas de linguagens. Já o fonoaudiólogo pode testar se há um distúrbio de linguagem.

Formas de tratamento

O tratamento pode envolver uma combinação de psicoterapia com medicação. A terapia cognitivo comportamental pode contribuir com a redução de ansiedade por trás desse comportamento.

E com o tempo e, juntamente com as intervenções terapêuticas adequadas, essas crianças aprendem a se comunicar e a melhorar a autoestima.

Vale destacar que as intervenções comportamentais devem ser adaptadas de acordo com a criança que apresenta o Mutismo Seletivo.

Em alguns casos, os especialistas podem realizar reforço positivo para ajudar no comportamento verbal  da criança, ajudando a verbalizar em voz alta.

Também pode estimular a criança aumentando gradualmente o número de pessoas e lugares nos quais ela precisa se comunicar.

Em alguns casos, as crianças são gradualmente expostas a situações que geram ansiedade em que a fala é esperada, depois recebem apoio emocional. E também orientação com exercícios de relaxamento para ajudar a superar esse medo e ansiedade.

Especialistas podem aindapraticar habilidades de interação social para reduzir a ansiedade. Assim, podem ser estimuladas a sair em grupos, brincar com as crianças e estimular o contato visual e o uso da linguagem corporal.

O tratamento precoce pode ajudar crianças com Mutismo Seletivo a aprender a falar com mais frequência, sem tanto medo ou ansiedade. Como resultado, eles podem melhorar seus resultados acadêmicos e sociais.

Referências:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2861522/

https://novaescola.org.br/conteudo/18059/mutismo-seletivo-conheca-as-causas-sintomas-e-formas-de-tratamento

https://www.asha.org/public/speech/disorders/Selective-Mutism/

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Cofundadora da NeuroConecta.