A moradia assistiva para autistas busca integrar aspectos arquitetônicos, sensoriais e terapêuticos, oferecendo um espaço seguro e adaptado para atender às características individuais dos residentes.
“Como ficará meu filho quando eu não puder mais cuidar dele?” “O que será dele na vida adulta? Ou mesmo idoso?”
Mesmo que os esforços durante o período da infância das crianças no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) sejam voltados para desenvolver habilidades que possibilitem ter independência, autonomia e saúde nas demais etapas – como na vida adulta e idade avançada, essas são reflexões frequentes entre a grande maioria (se não a totalidade) dos pais e/ou responsáveis.
Ainda pouco se fala sobre o espectro do ponto de vista do indivíduo na vida adulta, uma fase tão importante e vital como qualquer outra.
É mais comum realmente observar conteúdos voltados à esclarecer aspectos ligados à criança. Portanto, pensar sobre o futuro é fundamental para que ele seja alcançado pelo autista com dignidade e qualidade de vida.
Conforme a condição da pessoa, na vida adulta ela poderá inclusive morar sozinha por opção, casar-se, ter filhos, constituir família e ter seu próprio lar.
Já nos casos considerados moderados e severos, em que o autista requer suporte para cuidar de si ou realizar tarefas cotidianas (como manter a casa em ordem, por exemplo), e não quer ou não pode contar com a família, é possível contar com alternativas como a “moradia assistida”.
O que é a moradia assistida?
Trata-se de um espaço – que pode ser dedicado às pessoas com uma ou mais deficiências intelectuais, cognitivas, físicas que necessitam de assistência para morar sozinhas ou mesmo desejam isso. (nota: na legislação brasileira o espectro do autismo é enquadrado como “deficiência”).
Na moradia, além de receber auxílio necessário para cada especificidade, há também a perspectiva de estabelecer convívio social, o que pode ser positivo.
Muitas dessas instituições que existem hoje no Brasil, inclusive, foram instituídas por pais de crianças com algum distúrbio neurodegenerativo ou do neurodesenvolvimento, como o TEA. Motivados pela preocupação em fornecer um local seguro e acolhedor para seus filhos quando crescessem, que pudesse lhes dar não apenas assistência física, mas também, emocional, eles criaram as moradias.
Atualmente é possível encontrar moradias assistidas públicas e privadas. É preciso levar em conta alguns aspectos antes de fazer a melhor opção.
Procure visitar o local. Verifique aspectos ligados à segurança, limpeza, convívio social, contato com as pessoas, com a natureza. Se há espaços e programação de atividades voltadas para a saúde física, mental e, também, que promovam o relacionamento familiar, quando houver.
Observe também como a instituição costuma manejar as limitações sensoriais ou outras deficiências de comunicação e linguagem, motoras ou cognitivas. Certifique-se de que se trata de um espaço em que seu ente querido poderá de fato ser bem recebido e tratado ao longo da vida.
Idealmente, se for possível, leve-o com você. Deixe-o participar da escolha. É comum cada dia mais o próprio adulto no espectro optar por uma moradia assistida e fazer sua escolha, com base em sua vontade, que deve ser respeitada.
Referências:
Autism Speaks. Housing and Residential Supports. Disponível em < https://www.autismspeaks.org/family-services/housing/position-statement> Acessado em 28 de fevereiro de 2018.
Center for Autism Research. The Children’s Hospital of Philadelphia. Where to live? The options for adults with ASD. Disponível em < https://www.carautismroadmap.org/where-to-live-the-options-for-adults-with-asd/> Acessado em 28 de fevereiro de 2018.
Network autism. Housing with support: the options for autistic adults. Disponível em http://network.autism.org.uk/knowledge/policy-guidance/housing-support-options-autistic-adults Acessado em 28 de fevereiro de 2018.
Paula Ferreira e Clarissa Pains. O Globo. 25/09/2017. Moradias assistidas dão autonomia a adultos com deficiência. Disponível em http://blogs.oglobo.globo.com/to-dentro/post/moradias-assistidas-dao-autonomia-adultos-com-deficiencia.html Acessado em 28 de fevereiro de 2018.