Meltdown, Shutdown e Burnout: saiba a diferença

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Não é novidade que os autistas, muitas vezes, podem se sentir sobrecarregados emocionalmente, sensorialmente e até socialmente.  Por conta disso, podem ocorrer as crises sensoriais, ou seja, a pessoa autista pode receber uma sobrecarga de entradas sensoriais por meio do tato, olfato, paladar, audição e visão e não conseguir processar as informações da forma adequada.

Também há a sobrecarga social que acontece quando o autista é exposto a uma situação onde precisa socializar, interagir e usar habilidades sociais para se comunicar.

E a sobrecarga emocional ocorre quando eles precisam se identificar, lidar e processar as emoções. Tudo isso pode ser muito complexo e difícil para a pessoa autista.

Como sabemos cada pessoa autista reage de uma forma ao ser estimulada. E, às vezes, elas podem se expressar por meio de crises. As crises podem variar na intensidade e causa e também recebem nomenclaturas diferentes.

É muito importante conhecer o tipo de crise que o autista enfrenta e também o que a desencadeia para poder ajudá-lo. Além disso, facilita encontrar estratégias para evitar que as crises se repitam ou amenizá-las para causar menos sofrimento.

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Abaixo, veja detalhes de algumas crises para saber como ajudar o autista.  

Meltdown

São crises de explosão emocional ou perda do controle emocional temporária. As manifestações variam: podem surgir gritos ou agitação em excesso e estereotipias. E, em casos mais graves, pode levar à agressividade.

Por conta disso, o autista pode se morder, se beliscar, bater a cabeça na parede e ser agressivo com as pessoas mais próximas.

Na maioria das vezes, eles estão ligados a algum tipo de frustração, estresse emocional, mudança de rotina ou hiperestimulação.

Durante a crise, a criança não tem controle de suas ações. Para ajudar, os pais e cuidadores podem minimizar as sensações do lugar onde a criança esteja e evitar que a criança se machuque.

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Shutdown

O termo vem da informática e significa “desligar o sistema”. Isso significa que a pessoa com autismo pode ficar parcialmente ou completamente desligada ou distante, não respondendo a qualquer forma de comunicação.

Geralmente, ficam com o “olhar vazio” e com a respiração mais rápida ou lenta. Também é comum que queiram ficar isoladas, deitem no chão e fiquem paralisadas.

Trata-se de comportamentos involuntários e diferentemente do meltdown, as emoções ficam internalizadas. Ambas causam muito sofrimento e precisam de atenção.

Burnout

Pode ser definido como um esgotamento físico e mental que ocorre em longo prazo. Há também diminuição do interesse de atividades que antes davam prazer. A pessoa com autismo também perde o interesse em a habilidade de lidar com situações estressantes.

O autista com Burnout pode ter mais dificuldade de controlar suas emoções e ser propensos a explosões de tristeza ou raiva. Também é comum apresentarem ansiedade intensa, depressão e até comportamento suicida.

Acredita-se que ocorra devido ao esforço do autista a imitar o comportamento neurotípico, ao se esforçar constantemente a ter contato com as pessoas e devido ao estresse associado à mudança.

Como prevenir essas crises?

Os pais e responsáveis podem evitar atividades ou situações que possam levar a essas crises sensoriais e perceber os sinais de alerta. Conhecer seu filho ou filha autista é fundamental para entender o que desencadeia essas manifestações.

Os sinais comuns de alerta em crianças com autismo envolvem ansiedade ou confusão. Podem parecer mais preocupados, inquietos ou instáveis.

Em situações estressantes, ele/ela pode sinalizar que não está confortável e pedir para ir para casa.

Durante uma crise, é importante que os pais mantenham a calma e façam de tudo para que a criança ou jovem autista fique segura.

O ideal é ir para um lugar tranquilo, longe da estimulação que pode ter causado a sobrecarga até que a crise termine. 

Sempre que for sair, se organize, planeje e saiba quais são os mecanismos que ajudam a criança a enfrentar situações estressantes. Pode ser necessário levar brinquedos ou objetos para acalmá-los.

Não há fórmulas prontas, já que cada autista é único e os comportamentos podem variar. Converse sempre com os especialistas que estão acompanhando a criança e busque orientações para saber o que pode ser feito em situações como essas.

Referências:

https://www.autism.org.uk/advice-and-guidance/topics/behaviour/meltdowns/all-audiences

https://autismwestmidlands.org.uk/wp-content/uploads/2017/11/Meltdown_shutdown.pdf

https://community.autism.org.uk/f/adults-on-the-autistic-spectrum/9389/managing-shutdowns

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Cofundadora da NeuroConecta.