Epilepsia: uma comorbidade comum em pessoas com autismo

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A Epilepsia é uma comorbidade bastante comum em pessoas com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Lembrando que comorbidade é quando duas condições aparecem ao mesmo tempo na mesma pessoa.

Mas antes de explicar a relação com o TEA, é importante entender o que é epilepsia. Epilepsia é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do córtex do cérebro.

Sabe-se que os neurônios disparam um monte de descargas elétricas que resultam em perda de consciência súbita e movimentos involuntários.

A crise epiléptica pode ter ou não manifestação motora. A crise convulsiva é um tipo de crise epiléptica com manifestação motora e é conhecida também como ataque epiléptico. Durante essa crise, a pessoa pode cair e apresentar contrações musculares, morder a língua e em alguns casos até urinar.

E também há crises sem manifestação motora que são chamadas de crises de ausência em que a pessoa se desliga do mundo, fica com o olhar fixo e perde contato com o mundo por alguns segundos.

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As causas podem variar desde uma lesão cerebral, abuso de bebidas alcoólicas, de drogas ou problemas no parto. Mas, algumas vezes, a origem da epilepsia é desconhecida.

Mas, vamos lá… qual é a relação do autismo com a epilepsia?

O primeiro ponto que temos que destacar é que ambas as condições compreendem um transtorno que tem conexão com o cérebro. A epilepsia é o quarto transtorno neurológico mais comum e afeta pessoas de todas as idades.

Pesquisas apontaram diversas mutações genéticas que têm relação com autismo e epilepsia. Sabe-se que tanto a epilepsia quanto o autismo envolvem uma sincronia anormal de sistemas no cérebro ligados às sinapses, que são as conexões entre os neurônios.

Em outras palavras, a epilepsia resulta de um funcionamento inadequado do cérebro. O autismo também ocorre devido a um problema no cérebro. As condições afetam diferentes estruturas e funções cerebrais. E algumas das alterações cerebrais associadas ao autismo também causam essas convulsões.

Todos os tipos de convulsões foram observados em pessoas com autismo. E ela pode ser considerada a complicação neurológica muito comum em quem tem TEA. Estima-se que quase um terço das pessoas com autismo pode apresentar epilepsia.

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E de acordo com pesquisas, até 32% das pessoas com epilepsia também atendem aos critérios de diagnóstico do autismo. Além disso, cerca de 20 a 30% das crianças com autismo desenvolvem epilepsia antes de se tornarem adultas. O aparecimento da epilepsia é considerado mais frequente em crianças menores de 5 anos de idade e adolescentes.

Algumas pesquisas descobriram que a atividade elétrica no cérebro de pessoas com autismo exibe descargas do tipo epilepsia com mais frequência do que em pessoas que não são autistas.

Muitas pesquisas estão sendo realizadas no momento sobre o assunto para entender melhor qual é a ligação entre as duas condições. As crianças e adultos com as duas condições costumam ter os sintomas de autismo mais severos, são hiperativos e possuem um quociente de inteligência mais baixo em comparação com aqueles que não têm epilepsia.

O diagnóstico de epilepsia em quem tem autismo pode ser desafiador. Isso porque as pessoas com autismo têm dificuldade em reconhecer e comunicar seus sintomas.

Sinais da Epilepsia

Os pais e médicos que cuidam do autista devem ficar atentos a alguns sinais como:

  • mudança de olhar que ocorre de forma inexplicável
  • movimentos involuntários
  • confusão sem causa aparente
  • dores de cabeça severas
  • sonolência e perturbações do sono
  • mudanças de habilidades ou emoções sem qualquer motivo
  • estiramento nos músculos
  • irritabilidade ou agressividade

É importante buscar ajuda profissional para ter o diagnóstico correto, pois o aparecimento de epilepsia em quem tem TEA pode comprometer suas habilidades de linguagem e comunicação, o raciocínio e alterar os comportamentos. Essa perda de habilidades é chamada de regressão.

Mas, o que pode ser feito? Geralmente, a pessoa com autismo e epilepsia após ter o diagnóstico começa a se tratar com medicamentos para evitar as crises de epilepsia. É muito importante que seja realizado o acompanhamento com um neurologista para determinar quais tratamentos ou terapêuticas são indicadas para cada caso.

Lembrando também que nem todas as pessoas com autismo terão epilepsia. O assunto precisa ser discutido com os profissionais de saúde e os pais e autistas precisam entender as probabilidades de terem essa comorbidade para saber lidar com os sintomas, caso a epilepsia apareça.

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Cofundadora da NeuroConecta.