O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que traz prejuízos na comunicação e interação social e no comportamento do individuo.
O TEA pode se apresentar em diferentes níveis de necessidade de suporte, descritos pelo DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria) como nível 1, nível 2 e nível 3 de suporte.
Acontece que, devido ao autismo ser um espectro, é possível sim que a pessoa transite por esses diferentes níveis, ou seja, a pessoa pode mudar o seu nível de suporte ao longo da vida.
Primeiramente, vamos esclarecer os níveis do autismo de acordo com o DSM-5:
Nível 1: é o autismo conhecido como “leve” e requer de pouco suporte. A pessoa enfrenta alguns desafios sociais como dificuldade para iniciar conversas com outras pessoas ou responder. Com isso, pode ser difícil fazer amigos, especialmente sem o apoio de especialistas.
Dessa forma, o autista sente necessidade de seguir padrões comportamentais rígidos, são mais apegados na rotina e não gostam de mudanças.
Nível 2: é o nível “moderado” do autismo, a pessoa precisa de mais suporte do que quem está com autismo nível 1. Assim, não conseguem manter uma conversa, falam pouco, sentem dificuldade com a comunicação não verbal como reconhecer expressões faciais. Sofrem muito com as mudanças.
Nível 3: é o nível “severo” e a pessoa precisa de mais apoio do que todos os outros níveis. Apresentam dificuldades severas na comunicação verbal e não verbal. São muitos limitados para interagir com outras pessoas.
Além disso, apresentam muitos comportamentos repetitivos e restritivos que interferem diretamente na vida dele e das pessoas em sua volta. São dependentes dos pais e cuidadores para realizar as atividades básicas do dia a dia, como trocar de roupa ou comer.
É possível migrar de nível?
Com as intervenções baseadas na ciência ABA e outras intervenções baseadas em evidências, é possível ampliar a capacidade cognitiva, motora, de linguagem e de interação social do autista.
O autista no nível 3 normalmente precisa aperfeiçoar suas habilidades básicas, como olhar, ouvir e imitar, e as mais complexas como fazer um pedido e interagir.
O objetivo das intervenções é permitir que os indivíduos sejam bem-sucedidos e menos dependentes.
Com todas as intervenções é possível migrar do nível 3 para o nível 2 ou do nível 2 para o nível 1, por exemplo. Esse é o objetivo das intervenções, desenvolver habilidades e consequentemente mais autonomia e independência da pessoa com autismo.
A criança ou jovem com autismo no nível 1 se não for estimulada desde cedo, poderá aumentar as suas limitações sociais e seguir para o nível 2, precisando assim de mais de suporte. Isso é mais raro, mas pode acontecer também.
Vale destacar que é fundamental buscar por uma equipe multidisciplinar especializada no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e que utilizam intervenções baseadas em evidências.
Saiba mais em: Autismo: é possível sair do espectro?
A importância da intervenção precoce
Agora que falamos sobre os níveis do autismo podemos explicar como a intervenção precoce pode ajudar quem tem TEA a evoluir, se desenvolver e ter mais qualidade de vida.
A intervenção precoce é fundamental para o sucesso na comunicação, socialização, coordenação motora e outros aspectos do crescimento das crianças com autismo.
Diversas pesquisas demonstraram que a aprendizagem e desenvolvimento da criança ocorrem mais rapidamente na idade pré-escolar.
Por isso, a intervenção precoce ajuda as crianças com autismo a se desenvolver e aprender e não regredir os comportamentos.
Para ter sucesso, a intervenção precoce precisa ser individualizada, ou seja, ser elaborada de acordo com a necessidade de cada pessoa.
Cada um responde de maneira às intervenções e não há um modelo de programa único que seja adequado para todos.
O papel da família e pessoas próximas
Independentemente do grau do autismo, a pessoa com TEA precisa da compreensão e apoio dos familiares.
Muitas vezes, são necessárias muitas intervenções e terapias. Se for uma criança em idade escolar, ainda é necessário ajudá-la a interagir e encontrar formas para que ela consiga aprender respeitando o seu ritmo.
Geralmente, os pais e cuidadores precisam reforçar os comportamentos em casa. Por isso o treinamento e capacitação dos pais é tão imporantante. Além disso, é preciso paciência, amor e perseverança para que o autista evolua e consiga interagir e aumentar suas habilidades sociais.
Já no caso de adultos, é preciso compreender suas limitações sociais e ajudá-lo nas relações interpessoais como relacionamentos e trabalho.
O caminho pode ser longo, mas com as intervenções corretas e muita dedicação, o autista terá uma melhora significativa em sua independência e qualidade de vida.
Leia também: Importância do diagnóstico precoce
Referências
http://www.autismsupportnetwork.com/news/what-aba-now-really-autism-33299272