Disortografia, Conheça mais detalhes sobre esse desafio no autismo

É bastante comum que algumas crianças apresentem dificuldades para ler, escrever ou aprender na escola. Mas, em alguns casos pode ser um Transtorno Específico de Aprendizagem, ou seja, quando o cérebro funciona de uma forma diferente, já que não recebe, processa, analisa ou armazena as informações de forma adequada.

É o caso da disortografia. Você já ouviu falar sobre isso?

A disortografia é uma dificuldade de aprendizagem que interfere na capacidade do indivíduo de soletrar ou escrever corretamente. A palavra significa dis” (desvio) + “ortho” (correto) + “graphos” (escrita).

Sendo assim, a pessoa sente uma dificuldade na estruturação, organização e produção de textos escritos. Geralmente também apresentam um vocabulário pobre e muitos erros ortográficos.

A disortografia pode acontecer de forma isolada ou vir acompanhando a dislexia, comprometendo assim a leitura e escrita. Geralmente,  possuem o sistema fonológico deficiente, ocasionando alterações na conversão letra-som.

Quais são as principais características da disortografia?

Há vários sinais que apontam que a pessoa tem disortografia. Veja alguns abaixo:

  • Omissões de letras/sílabas;
  • Adições de letras indevidas;
  • Inversões de letras/sílabas;
  • Substituições de letras com sons e formas semelhantes;
  • Aplicação incorreta das regras gramaticais.

Além disso, é comum que os textos de quem tem disortografia apresente pouca ou nenhuma pontuação. Também sentem dificuldade em escrever um texto com uma sequência lógica e bem estruturado.

Muitos acabam perdendo a vontade de escrever ou ficam ansiosos e com medo de errar. Eles não conseguem entender por que não acertam e isso pode afetar a autoestima.

Reconhecendo esse transtorno de aprendizagem

É bastante comum que os professores identifiquem esse transtorno de aprendizagem. Mas é importante que a criança ou jovem com disortografia seja avaliada por especialistas como neuropediatra, psicopedagogo e psicólogos. Os pais e cuidadores também precisam estar atentos a esses sinais para buscar ajuda especializada.

Ocorre uma avaliação da ortografia de acordo com nível ortográfico que a criança se encontra. Assim, observa-se  os tipos de erros ortográficos e sua frequência de ocorrência na escrita. Geralmente, avalia-se os trabalhos escolares e os profissionais podem conversar também com os professores.

O que pode ser feito para lidar com quem tem disortografia?

Após o diagnóstico, algumas atitudes podem facilitar o aprendizado de jovens e crianças com disortografia. Os pais e professores precisam ter paciência e mostrar para a criança que ela consegue aprender como as outras.

Deve-se estimular a memória visual da criança por meio de quadros com letras do alfabeto, números, famílias silábicas. E o professor  e a escola precisa ajustar o estilo de aprendizagem e oferecer ajustes de material didático, se for necessário.

É importante valorizar o conteúdo sobre a forma. Essa é uma maneira de a criança se sentir valorizada e ter a impressão de que está errando menos. Se a escrita for  muito comprometida, o ideal é utilizar provas orais como recursos extras. E os erros ortográficos não devem ser apontados com grande destaque com caneta vermelha, por exemplo.

Os professores precisam entender que crianças com disortografia apresentam necessidade de tempo maior para realizar as tarefas escritas. Por isso, necessitam de mais tempo para essa tarefa em sala de aula.

Com o tempo e intervenções corretas, é bastante comum que a criança ou jovem com disortografia melhore o seu desempenho na escola e consiga escrever. Mas para chegar a esse objetivo é preciso que ela conviva em um ambiente educacional acolhedor e estimulante, além de ter apoio dos pais para conseguir se desenvolver, aprender e ter qualidade de vida.

Referências:

http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v12n3/196-09

https://study.com/academy/lesson/what-is-dysorthographia-symptoms-treatment.html

https://www.psychiatry.org/patients-families/specific-learning-disorder/what-is-specific-learning-disorder

https://www.asha.org/public/speech/disorders/Learning-Disabilities/

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista, especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Pesquisadora na área do TEA há mais de 10 anos. Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou 4 Pós-doutorados pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.