Discalculia: um Transtorno Especifico de Aprendizagem

Patrocinado

A discalculia é um Transtorno especifico de aprendizagem relacionado a matemática e a dificuldades persistentes para lidar com números.

Esse transtorno afeta a habilidade da pessoa de realizar cálculos matemáticos, entender conceitos numéricos e até dificuldades na identificação visual e auditiva dos números.

De acordo com o DSM-5, que é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais para fechar o diagnóstico de Discalculia a pessoa precisa preencher 4 critérios diagnósticos.

Conheça os critérios diagnósticos

O primeiro é de que as dificuldades precisam ser evidentes e interferir na vida da pessoa. Dificuldades persistentes por exemplo em cálculos aritméticos e raciocínio matemático;

O segundo critério é que o desempenho do indivíduo nas habilidades acadêmicas afetadas deve estar bem abaixo da média para a idade.

Patrocinado

Um terceiro critério é que as dificuldades de aprendizagem estejam prontamente aparentes nos primeiros anos escolares, na maior parte dos indivíduos. Entretanto, em outros, essas dificuldades de aprendizagem podem se manifestar mais para frente nos anos escolares mais tardios, período em que as demandas de aprendizagem aumentam e excedem as capacidades individuais limitadas, mas na maioria dos casos essas dificuldades surgem nos primeiros anos escolares.

O quarto critério é que essas dificuldades de aprendizagem devem ser consideradas “específicas”. Elas não são atribuíveis a deficiências intelectuais; a atraso global do desenvolvimento; a deficiências auditivas ou visuais; ou a problemas neurológicos ou motores

A discalculia assim como outros transtornos específicos de aprendizagem pode ser classificada pelo grau de acordo com a intensidade como leve, moderada ou grave. Esse transtorno afeta cerca de 3 a 6% da população mundial.

A pessoa com discalculia pode apresentar dificuldade ou incapacidade de pensar, refletir, avaliar ou raciocinar sobre tudo que envolva números ou conceitos matemáticos.

Elas apresentam dificuldades para entender o significado dos números, o que eles representam, quais as funções deles e a importância da matemática para o nosso dia a dia. É comum que quem tenha discalculia apresente dificuldade para memorizar os números e fazer contas por exemplo.

Patrocinado

Além disso as pessoas com Discalculia podem apresentar:

  • Dificuldade na leitura e escrita dos símbolos
  • Dificuldade para estimar quantidades
  • Dificuldades em lidar com dinheiro
  • Dificuldade para contar de trás pra frente
  • Lentidão para fazer cálculos
  • Dificuldade para calcular o tempo e com noção de tempo.
  • E podem apresentar também ansiedade relacionada à matemática ou qualquer outra atividade que envolva números;

É importante destacar que esse transtorno de aprendizagem é causado por uma má formação neurológica e não é uma deficiência mental ou é causado por má escolarização e não tem nada a ver com os níveis de QI da pessoa.

A pessoa com Discalculia não tem deficiência intelectual. A Discalculia é um transtorno que afeta essa área especifica que esta relacionada com números. A pessoa aprende normalmente as outras coisas e as outras matérias.

Geralmente o diagnóstico ocorre entre 8 e 9 anos de idade, mas é possível observar essa dificuldade mais cedo. Os sinais podem ser percebidos mais cedo, mas é no ambiente escolar que a criança vai apresentar mais dificuldade, pois não consegue realizar as atividades rotineiras da escola e pode sofrer bastante com isso se não ocorrer um diagnóstico adequado.

A Discalculia pode ser detectada pelos professores ao verem que a criança não atinge os objetivos propostos para a faixa etária e nível de escolaridade. Mas somente uma equipe multidisciplinar poderá fazer o diagnóstico.

Geralmente, o diagnóstico é realizado por meio de testes elaborados por psicólogos, psicopedagogos e neuropsicólogos. O objetivo é descartar a presença de outros transtornos, como Depressão ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

O tratamento deve ser feito em conjunto pelos pais, familiares e professores e consiste em ajudar a criança a desenvolver estratégias que permitam contornar o seu problema. Devem ocorrer intervenções pedagógicas que ajudarão a criança a melhorar o seu desenvolvimento escolar de forma global.  O aluno também deverá receber suporte psicológico para saber lidar com a autoestima, insegurança e medo de novas situações.

Geralmente, o tratamento ocorre com a adoção de estratégias para melhorar o desenvolvimento matemático da criança. Por isso, pode-se usar papel quadriculado para organizar as ideias e investir em exemplos concretos e visuais para explicar os problemas, além de repetição de exercícios.

É muito importante tentar identificar áreas onde a criança tem maior facilidade, tentando depois incluí-las na aprendizagem de números e cálculos. Por exemplo, se ela gosta de desenhar, pode pedir que a criança desenhe 2 frutas, depois solicite 4 frutas e, por fim, tentar contar quantas frutas foram desenhadas no total.

Algumas ideias que devem servir de guia para todas as tarefas são:

  • Usar objetos para ensinar cálculos de somar ou subtrair
  • Tornar a aprendizagem um processo divertido
  • Começar num nível onde a criança se sinta confortável e lentamente avançar para processos mais complexos
  • Ensinar com calmar e ajudar a criança a praticar
  • Reduzir a necessidade para memorizar

Esse transtorno de aprendizagem não pode ser ignorado. Ter conhecimentos em matemática é muito importante para o nosso dia a dia. Os pais, professores e toda equipe multidisciplinar têm um papel fundamental na vida dessas crianças para auxiliá-las no processo de aprendizagem e também para que ela aprenda a lidar melhor com esse transtorno que é a Discalculia.

WhatsApp
Facebook
Pinterest
Telegram
Twitter
Patrocinado

Você irá ler neste artigo

Quem leu gostou do artigo!!!
Quem leu gostou do artigo!!!
Picture of Dra. Fabiele Russo

Dra. Fabiele Russo

Neurocientista especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Cofundadora da NeuroConecta.