Conheça mais sobre o Transtorno de Processamento Sensorial

O Transtorno de Processamento Sensorial (TPS) é uma condição em que o sistema nervoso têm dificuldade em processar estímulos do ambiente e os sentidos. Sabe-se que os estímulos sensoriais não são registrados adequadamente e também não são modulados de forma correta pelo cérebro.

Por muitas vezes, o TPS foi associado ao autismo, mas foi descoberto que é um distúrbio distinto que pode ou não acometer pessoas com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

Pesquisas recentes mostram que há um elevado grupo de pessoas que não são autistas, mas que apresentam TPS. A causa exata do TPS não foi identificada, mas pesquisadores acreditam que o Transtorno tenha um forte componente genético.

Portanto, é uma condição neurofisiológica na qual a entrada sensorial (do ambiente ou do próprio corpo) é mal detectada ou mal interpretada. 

Sendo assim, uma criança com TPS sente dificuldade de processar o calor ou o frio, o cansaço, a fome, as luzes e os sons e com isso, atividades simples do dia a dia podem ser muito desafiadoras.

Hipossensibilidade x Hipersensibilidade

Há casos de hipo e hipersensibilidade. Quando há hipossensibilidade, a criança precisa de bastante excitação ou esforço para sentir o estímulo. Por isso, é comum que ela seja bastante agitada, faça muito movimento ou bagunça, morda objetos, tenha pouca resposta à dor, goste de muito barulho e cheire tudo o que encontra.

Já a hipersensibilidade, é quando a criança percebe os estímulos com mais facilidade. Com isso, as luzes e as cores se tornam brilhantes demais, os sons ficam bem intensos, os odores se tornam muito fortes e as sensações táteis são interpretadas de modo extremamente profundo. 

Essas pessoas sofrem com essa sensibilidade intensa e que atrapalha bastante a rotina. Assim, podem ser mais seletivos com comida, não gostar de barulho, se sentirem mal ao serem tocado, não gostam de se sujar, reclamam da luz e cheiros, além de serem mais sensível à dor.

Conheça outros sintomas do TPS

Intolerância a algumas roupas ou texturas: é comum que crianças fiquem irritadas com a sensação que as roupas causam em seus corpos. Em alguns casos, é preciso escolher vestimentas sem costura, retirar as etiquetas e evitar tecidos que causem desconfortos.

– Intolerância a ruídos: no caso dos sons, a pessoa com TSP pode sofrer até mesmo com poucos estímulos como latidos de cachorros e sentir angústia e ansiedade. Também perdem a concentração devido aos ruídos.

Problemas Alimentares: algumas pessoas podem ter aversão a alguns alimentos devido a sua textura ou cores. Muitas vezes a seletividade alimentar é causada por conta dos problemas sensoriais.

– Dificuldade em usar as habilidades motoras finas:  sentem dificuldade de usar lápis de cera ou canetas ou de abotoar a roupa.

– Dificuldade com mudanças: pessoas com o Transtorno podem ter problemas para passar de uma atividade para outra, mudar de ambiente ou moradia. Essas mudanças causam mal estar.

Diagnóstico

Para descobrir se a criança possui TPS, é preciso observar os comportamentos e conversar com os pais sobre as dificuldades e medos encontrados.

É importante relatar o que criança gosta, rejeita, como busca o estímulo, se fica agitada ou calma, por exemplo. Averigua-se se a pessoa tem sensibilidade tátil, se sofre ao tocar em objetos, não gosta de colocar o pé na areia, fica mal com algumas roupas, se não gosta de se sujar ou tem dificuldade na hora do banho.

Então, por causa do Transtorno, essas pessoas podem sofrer com problemas emocionais, sociais e até interferir no aprendizado e educação. Alguns sentem dificuldade de se relacionar ou fazer parte de um grupo. Em alguns casos, sofrem de ansiedade, depressão, ficam agressivos ou tendem a ter problemas de comportamento.

É importante ressaltar que as crianças e adultos com o TPS são tão inteligentes quanto quaisquer outras pessoas. Seus cérebros são simplesmente conectados de forma diferente e por isso precisam ser ensinados de maneiras adaptadas ao modo como processam as informações.

Tratamento

É importante procurar um Terapeuta Ocupacional (TO) especialista em integração sensorial que é o principal profissional que trabalha com TPS para realizar o diagnóstico e intervenção.

O TO vai fazer uma Avaliação de Processamento Sensorial. Uma avaliação padronizada com testes fundamentados e comprovados por pesquisas científicas. Por meio dessa avaliação vai ser possível direcionar o melhor tratamento e dar mais orientações para a família e a escola.

Conhecer o perfil sensorial da criança é muito importante, pois há associação direta entre o comportamento apresentado e a maneira como uma sensação é recebida do meio ambiente.

É muito importante que o autista passe por essa avaliação e comece a realizar a terapia de integração sensorial para ganhar qualidade de vida. E sempre importante dizer que os terapeutas precisam do apoio dos pais e familiares para que o tratamento seja efetivo. A família precisa participar da intervenção!

Por fim, a terapia de integração sensorial trabalha em várias frentes, mas fornece principalmente condições para que a criança explore o ambiente. Também promove o aumento da habilidade em manter a atenção. Ela melhora a coordenação e os movimentos para que a criança tenha sucesso nas atividades. Além disso, contribui com a autoestima e melhora nos aspectos de interação social do autista.

Leia também: Entenda como uma experiência sensorial pode impactar no comportamento do Autista

Referências:

www.spdstar.org

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2759332/

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista, especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Pesquisadora na área do TEA há mais de 10 anos. Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou 4 Pós-doutorados pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.