Como diagnosticar o autismo nos primeiros anos de vida?

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Os primeiros anos da vida de uma criança é repleto de novidade e é uma fase marcada pelo desenvolvimento infantil. Geralmente, nesse período, ocorrem os sorrisos, as palavras, os primeiros passos e diversas habilidades novas. Mas e se o bebê não tiver esses comportamentos? Não quer dizer que ele tenha o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), mas é importante se atentar aos sinais e buscar ajuda de um especialista, caso a dúvida permaneça, pois somente ele saberá como diagnosticar o autismo.

O TEA costuma ser identificado pelos especialistas quando a criança tem entre 1 ano e meio e 3 anos. Porém, especialistas destacam que os próprios pais são capazes de detectar os primeiros sinais do autismo a partir dos 8 meses.

Um estudo canadense publicado no International Journal of Developmental Neuroscience, com mais de 200 participantes, foi o primeiro a identificar comportamentos específicos em bebês de até 12 meses, e que puderam prever, se uma criança desenvolverá autismo. O diagnóstico precoce pode realmente fazer a diferença na melhora de habilidades das pessoas com TEA.

Cabe aos pais, monitorar o desenvolvimento dos filhos. Embora atrasos no desenvolvimento não apontem automaticamente para o autismo, eles podem indicar um risco maior para o TEA.

É importante ressaltar que algumas crianças com autismo podem se desenvolver normalmente na primeira infância. Mas é comum que percam as habilidades de forma progressiva. Com a lei n. 13.438/2007, foi estabelecido no Brasil que os pediatras usem protocolos padronizados, como a Escala M-chat, que é um questionário que ajuda a rastrear precocemente os sinais de autismo entre crianças de 18 a 24 meses.

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Abaixo, listamos alguns sinais que os pais devem se atentar e podem indicar autismo em crianças pequenas.

– Não sorriem: seu filho sorri para você? Com seis meses, é comum que o bebê consiga retribuir um sorriso ou mostrar que está feliz.

– Não reage quando é chamado: os bebês tendem a atender quando são chamados pelos nomes e olham para a pessoa que o chamou.

– Falta de contato visual: crianças com TEA não costumam ter esse comportamento. Geralmente, fazem contato visual limitado e não seguem os objetos com os olhos.  A falta grave de contato visual enquanto o bebê cresce pode ser um indicador precoce de autismo, pois essa é uma forma de comunicação e compreensão da criança. Um estudo publicado na revista Nature descobriu que os bebês que desenvolveram o Transtorno do Espectro do Autismo apresentaram reduções ​​no contato visual entre 2 e 6 meses de idade.

– Não imita o comportamento de outros: os bebês com autismo geralmente não imitam os movimentos de outros. Por isso, não retribuem os sorrisos, batem palmas ou dão “tchauzinho”.

– Não interagem: os bebês geralmente respondem ao que olham e aos sons que estão à sua volta. A falta de resposta de um bebê ao mundo que o rodeia pode indicar autismo.

– Não busca atenção: o desinteresse em procurar a atenção ou em criar vínculo com um ente querido é um sinal de que o bebê pode ter dificuldade em se relacionar com os outros.

– Comportamentos repetitivos: é importante se atentar se a criança tem comportamentos repetitivos, exibe movimentos corporais incomuns, como girar as mãos, se fica sentado ou tem posturas incomuns. Eles podem ser obsessivos com esses comportamentos.

– Não balbuciam: antes de os bebês começarem a falar, eles começam a balbuciar, experimentando sons parecidos com vogais por volta dos 6 meses de idade. Quem tem autismo não costuma mostram sinais de balbuciar até os 9 meses ou mais.

– Fixação em objetos incomuns: a criança com TEA pode desenvolver fixações em objetos incomuns como ventiladores, partes de brinquedos (mas não o brinquedo), pisos ou teto.

– Eles não apontam nem gesticulam: quando as crianças são pequenas, elas tendem a apontar para objetos ou fazer outros gestos com as mãos para indicar interesse em algo. Uma criança com TEA geralmente não aponta para os objetos que chama sua atenção ou não demonstra interesse em objetos que os pais mostram.

– Aceitam o colo de qualquer pessoa: os bebês costumam estranhar quem não faz parte da rotina familiar e choram com pessoas estranhas. Quem tem autismo não demonstra esse desconforto.

Referências:

American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15731570

http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.324.8853&rep=rep1&type=pdf

https://www.nature.com/news/brain-scans-spot-early-signs-of-autism-in-high-risk-babies-1.21484

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Dra. Fabiele Russo

Dra. Fabiele Russo

Neurocientista especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Cofundadora da NeuroConecta.