Cognição social e o autismo

A cognição social pode ser definida como a capacidade de formar representações das relações entre si e os outros. E usá-las de forma flexível, para que ocorram comportamentos apropriados de acordo com a circunstância social que a pessoa está inserida.

Portanto, a maneira como pensamos sobre os outros desempenha um papel importante em como pensamos, sentimos e interagimos com o mundo ao redor.

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A cognição social ocorre devido ao processamento mental da informação, que permite estabelecer esse relacionamento interpessoal a partir do reconhecimento, da interpretação e da ação dos indivíduos em interação com outros.

Portanto, seu funcionamento requer que sistemas neurais especializados avaliem os sinais sociais do ambiente.

A cognição social engloba diferentes processos neurobiológicos que funcionam de maneira integrada.

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Com isso, ela pode ser dividida em:

  • Percepção das emoções: a capacidade de reconhecer sentimentos a partir das expressões faciais e gestos;
  • Percepção social: decodificar, interpretar e compreender o contexto social que se está inserido;
  • Teoria da mente: compreensão das intenções ou crenças dos outros e de si mesmo e perceber que os indivíduos pensam e sentem de forma diferente da nossa;
  • Estilo de atribuição: conseguir identificar as causas sobre o acontecimento ou comportamento do outro.

O autismo e a cognição social

A cognição social está presente em todas as fases das pessoas e se desenvolve ainda na primeira infância. Mas, no caso de indivíduos com autismo ou algum transtorno do neurodesenvolvimento, desenvolver a cognição social pode ser mais complicado.

Quem tem autismo apresenta dificuldade de identificar as expressões faciais das emoções, ou seja, reconhecer quando uma pessoa está alegre, com medo ou triste. E também tem dificuldade de fazer contato visual. Além de terem dificuldade de sentir empatia e se colocar no lugar do outro.

Por isso, a intervenção precoce em autistas é fundamental para encontrar diferentes estratégias para lidar melhor com as dificuldades e melhorar desde cedo as relações interpessoais.

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Como trabalhar a cognição social do autista?

Trabalhar a cognição social é fundamental para melhorar as relações dos autistas em diferentes contextos. Algumas intervenções precoces vão estimular habilidades sociais, ou seja, regras e/ou costumes que orientam nossas relações interpessoais.

Por isso, o autista será estimulado a olhar nos olhos, compartilhar objetos, entender o momento de falar e de escutar em uma conversa, além de aprender a gerenciar as próprias emoções e como os outros se sentem.

Há diversas estratégias que podem ser eficazes, mas, elas devem ser avaliadas de acordo com o repertório do autista.

Entre as atividades que podem ser úteis para estimular a cognição social do autista podemos citar:

  • Contar histórias: as histórias podem mostrar e incentivar a realizar os comportamentos adequados, além de estimular a criatividade.
  • Uso de situações do dia a dia: representar algumas situações do cotidiano pode ajudar o autista a entender como funcionam os diálogos e as relações.
  • Fotos e imagens: pode ser uma alternativa para que o autista reconheça emoções e a entender o que causou aquele sentimento.
  • Brincadeiras em grupo: o autista pode brincar com os colegas de classe e entender como funcionam as regras sociais – apertar a mão, olhar nos olhos, escutar, saber a hora de falar e compartilhar brinquedos.
  • Vídeos e jogos: usar a tecnologia como vídeos ou videogame para ajudar a compreender linguagem corporal e comunicação de forma geral.

Saiba mais: Neuroplasticidade cerebral

Referências

https://link.springer.com/article/10.1007/s10803-019-04001-4

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0001691819303786

https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/aur.2195

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Foto de Dra. Fabiele Russo

Dra. Fabiele Russo

Neurocientista e pesquisadora na área do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestra e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou Pós-doutorado pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.
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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista e pesquisadora na área do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestra e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou Pós-doutorado pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.