A terapia com células-tronco pode tratar autismo? Cuidado com essa informação!

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Recentemente, a terapia com células-tronco ganhou destaque na medicina e prometeu ser uma nova forma de tratamento para várias doenças.

Essa terapia visa substituir as células danificadas do corpo usando células saudáveis. Essas células conseguem realizar a auto-renovação, ou seja, dar origem a outras células-tronco iguais a ela e também se diferenciar em diversos tecidos.

As células-tronco são usadas em terapias celulares, como modelos científicos para a compreensão de doenças e no teste de medicamentos. Mas, em relação ao autismo o uso das células-tronco ainda é bastante polêmico e controverso.

No Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), algumas áreas do cérebro funcionam de forma distinta. Há pesquisas que relacionam a terapia com células-tronco para tratamento do autismo e afirmam que dessa forma é possível  melhorar a qualidade de vida dos indivíduos com TEA.

Mas, é importante destacar que os pesquisadores e outros especialistas enfatizam que a terapia ainda está nos estágios iniciais e muitas outras pesquisas ainda são necessárias.

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O tema tem despertado cada vez mais interesse, e por isso é necessário que os pais e especialistas da área fiquem bastante atentos para separar as informações confiáveis de promessas falsas.

É importante esclarecer que não há uma pesquisa científica de ponta sobre tratamentos para autismo com células-tronco.

E quando existe, a quantidade de pessoas avaliadas é, em geral, bastante pequena. É o caso de uma pesquisa desenvolvida pela Duke University, em Durham, Carolina do Norte, com 25 crianças com autismo, com idades entre 2 e 6 anos.

Elas realizaram uma transfusão de sangue de cordão umbilical contendo células-tronco raras. De acordo com o estudo, divulgado na revista Stem Cells, ocorreram algumas melhorias comportamentais em 70% dos pacientes.

Além disso, 37 pacientes de 3 a 12 anos com autismo do Shandong Jiaotong Hospital e do Shandong Rehabilitation Therapy Center, na China, foram submetidos ao mesmo procedimento.

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Os pesquisadores chegaram à conclusão de que após 24 semanas com o tratamento usando as células-tronco os comportamentos das pessoas com autismo foram alterados. Durante esse período foram monitorados alguns comportamentos desses indivíduos, tais como o relacionamento com outras pessoas, retraimento social, consciência corporal, letargia, hiperatividade, irritabilidade, dificuldades de fala, entre outros.

Há também uma pesquisa divulgada no Journal of Translational Medicine que avaliou como as células de cordão umbilical poderiam atuar em 36 crianças com autismo. O grupo foi dividido e àquelas que receberam células do sangue e do tecido do cordão demonstraram algumas melhorias.

Sabe-se que, em animais, essas células-tronco podem estimular o crescimento e o reparo de neurônios e, assim, ajudam a religar o cérebro com conexões neuronais atípicas. E também que há um tipo de glóbulos brancos, chamados monócitos, encontrados no sangue do cordão umbilical. Essas células liberam moléculas e os pesquisadores acreditam que podem suprimir a inflamação no cérebro. E há alguns autistas que mostram sinais de inflamação no cérebro.

Mas, apesar dos resultados aparentemente positivo dessas pesquisas é importante ressaltar:

  • Há pouquíssimas evidências de que esse tipo de tratamento pode ser eficaz para quem tem TEA;
  • Não há provas concretas de que as células-tronco possam ajudar o autismo;
  • Não há provas de que sejam totalmente seguras para as crianças;
  • Também não ficou claro ainda como essas células-tronco agem no cérebro;
  • Ainda não existem terapias com células-tronco aprovadas para o tratamento do autismo; todas estão em fase experimental e por isso precisamos aguardar os testes clínicos serem finalizados para termos uma conclusão;
  • Ainda não está claro o mecanismo pelo qual essas células poderiam ser benéficas para quem tem autismo;
  • Doenças e Transtornos que afetam o cérebro permanecem difíceis de serem estudadas;

Há muitos anos, pessoas com autismo são tratadas por métodos pioneiros, sem qualquer tipo de comprovação.

Por isso, é importante redobrar a atenção e buscar ajuda especializada e capacitada para lidar com o Transtorno e sempre buscar por intervenções com comprovações cientificas como por exemplo as intervenções baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA).

Não acreditem em falsas promessas e não submeta seus filhos a “terapias” invasivas que não foram comprovadas cientificamente. Isso pode ser perigoso.  Sempre vá atrás da ciência!

Referências:

https://autismcenter.duke.edu/research/clinical-trial-evaluate-efficacy-umbilical-cord-blood-improve-outcomes-children-autism

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3765833/

http://www.cellmedicine.com/wp-content/uploads/2012/11/Stem-Cell-Therapy-for-Autism.pdf

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Cofundadora da NeuroConecta.