Você já ouviu falar em MMS? A sigla vem do inglês Mineral Miracle Solution (Solução Mineral Milagrosa “cura”) e é uma substância vendida como medicamento que possui uma composição parecida com a água sanitária.
Conhecendo a MMS
Na indústria, esse produto é usado para branquear a polpa da madeira destinada a fazer o papel, e há um protocolo específico para lidar com o MMS devido à sua alta toxicidade.
Infelizmente, essa substância se tornou popular entre os familiares de pessoas com autismo. Alguns pais e cuidadores acreditaram que as crianças poderiam ser curadas ao ingerir o MMS.
A substância é um produto não licenciado que é basicamente uma mistura de clorito de sódio e pó cítrico conhecido para fazer o alvejante de cloro.
Aqueles que vendem o produto alegam que, embora sejam similares, o MMS (dióxido de cloro) é diferente dos produtos de limpeza de grau industrial.
Há benefícios?
É importante esclarecer que não há comprovação científica dos benefícios do MMS para o autismo ou qualquer outra condição de saúde.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) até mesmo proibiu a venda do produto.
O órgão alegou ainda que, desde o ano passado, fiscaliza e retira anúncios de venda do produto e derrubam propagandas que incentivem o uso do MMS.
Cabe destacar que para um medicamento ser aprovado levam-se anos de pesquisas e testes clínicos para comprovar sua eficácia e possíveis efeitos colaterais.
Além disso, a agência norte-americana dos EUA Food and Drug Administration (FDA), o Ministério da Saúde do Canadá e a Food Standards Agency do Reino Unido lançaram alertas sobre o risco do MMS para a saúde.
Porém, ainda é bastante fácil de encontrar pela internet.
O falso medicamento é dado para as crianças via oral ou retal e podem fazer muito mal para o organismo.
Os especialistas alertam que a criança que ingerir essa solução pode sofrer uma descamação da mucosa do intestino, diarreia, enjoos, vômitos, desidratação, insuficiência renal, anemia e outros problemas bastante graves como sobrecarregar os rins e no futuro causar falência renal.
Alguns especialistas relatam que o uso contínuo deixa a pessoa debilitada e provoca picos de anemia.
Como surgiu o MMS?
O criador do MMS foi o norte-americano Jim Humble.
Ele afirma, sobretudo, que o MMS, além do autismo, pode curar outros problemas de saúde como:
- Câncer;
- Diabetes;
- Esclerose múltipla;
- Parkinson;
- Alzheimer;
- AIDS;
- entre outros.
E esse boato de cura?
O MMS e a sua fama de “curar” o autismo surgiu após o lançamento do livro da norte-americana Kerri Rivera:
“Curando os sintomas conhecidos como autismo”.
Na obra, ela destaca, em resumo, um protocolo para se alcançar a cura do autismo, que inclui, pois, dieta, desintoxicação e o uso do MMS por via oral ou retal.
Em alguns casos, por certo, as crianças sofrem descamação das paredes do intestino e, assim, um muco é expelido.
A autora afirma que seriam os “vermes causadores dos sintomas de autismo”.
A partir daí, como resultado, surgiram médicos, formadores de opinião, ao mesmo tempo, surgiram depoimentos de pessoas divulgando os benefícios do MMS.
Depoimentos em vídeos nas redes sociais e em conversas de aplicativos de celular.
Mas, todo cuidado é pouco! Ou seja, sempre desconfie de produtos que são vendidos como miraculosos.
Além disso, é necessário ressaltar que o autismo não tem cura, pois não é uma doença.
A falta de informação ou fake news (notícias falsas) podem colocar muitas vidas em risco.
É importante, sem dúvida, que o uso e a venda do MMS sejam denunciados ao Ministério Público.
Se algum médico indicar esse suposto medicamento, ele, semelhantemente, também deve ser denunciado.
Essa é, de fato, a melhor forma de impedir que essa situação perigosa continue acontecendo.
Em resumo, os pais devem receber todo o apoio possível para, dessa forma, lidar com essas falsas informações.
Ao receber um diagnóstico de autismo, eles podem ser influenciados a usar esse produto como solução de um problema real.
Muitos encontram informações falsas e buscam apoio em outros pais que, do mesmo modo, passam pela mesma situação.
Em conclusão, por falta de conhecimento, desespero ou medo, os pais podem cair nessas ciladas, se iludirem e complicar a saúde dos filhos autistas.
Referências:
https://www.healthline.com/health-news/parents-warned-about-bleach-therapy-for-autism#4
https://www.bbc.com/news/technology-48355681