Quem convive com uma pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) já deve ter ouvido falar sobre as estereotipias.
As estereotipias podem ser definidas como movimentos, comportamentos e/ou atividades desencadeadas de maneira repetitiva e são consideradas comuns no TEA.
Entre os movimentos realizados podemos citar girar e bater de mãos, acenar, balançar a cabeça, tronco e membros, abrir e fechar a boca, saltar, correr, pular, olhar objetos fixamente, cruzar pernas e bater pés, entre outros.
Elas podem envolver um ou todos os sentidos. Geralmente, incluem ações que duram segundos, minutos e, às vezes, horas.
Uma dúvida bastante comum é qual a diferença entre as estereotipias e tiques.
Um tique é um movimento motor ou vocalização súbito, rápido, recorrente e não rítmico (p. ex., piscar os olhos, pigarrear). Está dentro dos transtornos motores no DSM-5.
Os tiques ocorrem sem que a pessoa perceba. Surgem abalos ou sons corporais inesperados e de difícil controle. São comuns na infância, mas também podem se iniciar na fase adulta.
Como diferenciar movimentos estereotipados de tiques?
Os tiques costumam estar associados aos quadros de Transtornos de Ansiedade, TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) e Síndrome de Tourette.
Além disso, as estereotipias começam precocemente antes dos três anos de idade; já os tiques surgem mais tarde, após os cinco anos.
E os movimentos estereotipados seguem um padrão fixo, ou seja, são sempre os mesmos. Geralmente, são mais frequentes na parte superior do corpo, no entanto, podem atingir as inferiores e o resto do corpo.
Enquanto os tiques predominam mais na cabeça e nas extremidades superiores como braços e tronco.
As estereotipias são suprimidas com distração, o que não ocorre com os tiques.
As estereotipias são mais duradouras do que tiques e não estão associadas com o nível alterado de consciência.
Geralmente, as estereotipias são agradáveis para a pessoa, o que não ocorre com compulsões ou tiques.
Estereotipias e autismo
Cada criança com o TEA pode apresentar formas distintas de estereotipias e nem sempre significa que elas são prejudiciais.
Esses comportamentos estão ligados a situações de estresse, ansiedade, felicidade, fadiga ou estímulos externos.
São consideradas atitudes que causam ao autista uma excitação sensorial para acalmar ou dar uma sensação de satisfação interna.
A estereotipia ajuda a aliviar a tensão de um ambiente estimulante e contribui para tirar o foco e aumentar a concentração.
Mas, é importante destacar que uma intervenção terapêutica pode ser recomendada quando esses episódios de estereotipias começam a interferir no desenvolvimento, comunicação e aprendizado do autista.
Os especialistas podem indicar tratamentos específicos como os baseados na Análise do Comportamento Aplicada (ABA), entre outros.
Vale destacar que, mesmo sendo algo benéfico para os autistas, as estereotipias ainda causam muito estranhamento e dificultam o convívio social.
É comum que as crianças e adolescentes com TEA sejam alvos de piadas e até sofram bullying por causa destes movimentos.
Além disso, é comum que as estereotipias chamem a atenção dos pais e faz com que as famílias busquem médicos ou especialistas em busca de um diagnóstico.
Principais movimentos estereotipados
Entre os tipos de movimentos repetitivos mais comuns, podemos citar:
- Balançar o corpo para frente e para trás;
- Balançar as mãos (“flapping”);
- Bater os pés no chão ou em algum objeto próximo;
- Girar objetos ou girar em volta do próprio corpo;
- Cruzar e descruzar as pernas várias vezes;
- Fazer sons repetitivos ou repetir sílabas sem parar;
- Estalar os dedos;
- Roer unhas sem parar;
- Correr sem destino;
- Andar pelas pontas dos pés.
Quando a estereotipia traz algum prejuízo para o desenvolvimento da criança é necessário buscar ajuda profissional para diminuir a intensidade, a frequência e extinguir esse comportamento.
Referências: