Agressividade no autismo: você sabe como agir?

Quando falamos sobre comportamentos ligados ao Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), um dos que costuma gerar preocupação é a agressividade.

Embora essa não seja uma atitude exclusiva do autismo, estudos indicam que as taxas de episódios de agressão podem ser mais comuns em indivíduos no espectro, em comparação com aqueles que possuem outros transtornos.

Morder, chutar, bater, arremessar objetos ou mesmo agredir com palavras as pessoas ao redor (ou a si mesmo), podem caracterizar a manifestação de uma atitude ofensiva e de agressividade.

Seja ela verbal ou física, é preciso saber o que fazer para lidar com a circunstância, que pode ser desafiadora tanto para a autista quanto para seus pais e cuidadores.

Na vida da criança com TEA esse comportamento pode ocasionar redução da qualidade de vida, aumento do nível de estresse e menor disponibilidade de suporte educacional e social.

Por isso, é importante os pais e cuidadores reconhecerem os sinais de alerta que precedem o comportamento agressivo, para que eles possam tentar técnicas para restringi-lo ou reduzir o nível de hostilidade.

Idealmente, o médico deve avaliar o comportamento e, ainda, excluir outras condições que possam estar contribuindo um episódio agressivo, como depressão ou epilepsia. A partir daí, será possível determinar quais intervenções podem ajudar, conforme a necessidade apresentada.

Para prevenir e tratar um quadro de irritabilidade, é indicado lançar mão de ações baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA).

Outra possibilidade terapêutica de manejo é o chamado Treinamento de Comunicação Funcional (TCF), que envolve ensinar a criança com espectro a se manifestar pacífica e adequadamente, quando ela quer atenção ou algum objeto, ou até mesmo não deseja realizar determinada atividade que é proposta a ela. Por exemplo, ensinar uma criança a tocar uma foto de sua mãe para pedir sua atenção, em vez de bater ou arremessar algo para ter sua solicitação atendida.

Seja qual for a conduta, o objetivo é reforçar os comportamentos positivos e diminuir o comportamento negativo, o que pode ajudar o seu filho a aprender a agir de forma adequada em situações sociais.

Tratamentos farmacológicos também podem ser benéficos na redução de frequência e intensidade das agressões.

Conhecimento, compreensão, prevenção e acolhimento diante de uma atitude agressiva são fundamentais para que haja êxito nas intervenções comportamentais e medicamentosas.

Com esse conjunto de medidas – que deve envolver a família e a equipe multidisciplinar – há uma boa chance de que a situação possa ser evitada e/ou controlada, possibilitando que haja uma melhor qualidade de vida para seu filho e para aqueles que estiverem junto a ele como seus cuidadores.

Referências

Autism Speaks. My child is sometimes aggressive – what can help?. Disponível em https://www.autismspeaks.org/node/110031 Acessado em 03 de janeiro de 2018.

Fitzpatrick SE, Srivorakiat L, Wink LK, Pedapati EV, Erickson CA. Aggression in autism spectrum disorder: presentation and treatment options. Neuropsychiatric Disease and Treatment. 2016;12:1525-1538. doi:10.2147/NDT.S84585. Disponível em < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4922773/> Acessado em 02 de janeiro de 2018.

Hill AP, Zuckerman KE, Hagen AD, et al. Aggressive Behavior Problems in Children with Autism Spectrum Disorders: Prevalence and Correlates in a Large Clinical Sample. Research in autism spectrum disorders. 2014;8(9):1121-1133. doi:10.1016/j.rasd.2014.05.006. Disponível em < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4160737/> Acessado em 04 de janeiro de 2018.

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista, especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Pesquisadora na área do TEA há mais de 10 anos. Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou 4 Pós-doutorados pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.