Conheça mais sobre o Transtorno de Aprendizagem não verbal

Você já ouviu falar sobre o Transtorno de Aprendizagem não verbal (TANV)?

Trata-se de uma condição pouco conhecida e é uma alteração específica no funcionamento cerebral.

O TANV afeta o raciocínio matemático, a cognição visual e espacial, a coordenação motora, a percepção sensorial e as habilidades sociais.

As crianças com TANV apresentam um bom desenvolvimento da linguagem e vocabulário e, algumas vezes, desenvolvem a leitura precoce.

As causas ainda não foram esclarecidas, mas os cientistas acreditam que o TANV surja devido a uma alteração no hemisfério direito do cérebro.

Geralmente, apresentam uma capacidade intelectual dentro ou acima da média. E também costumam ter boa memória.

Ocorre tanto em meninas quanto meninos na mesma frequência. E é mais comum quando há histórico familiar com o mesmo transtorno.

O diagnóstico pode demorar a acontecer, já que pode ser confundida com autismo ou hiperatividade. Por isso, é importante ficar atento aos sinais.

Sinais e sintomas

Uma criança com o TANV pode ter problemas nos campos acadêmicos, dificuldades motoras, sociais, visuais espaciais, mas eles não precisam ter dificuldades em todas essas áreas para cumprir os critérios diagnósticos do transtorno. 

O fato de terem dificuldades de aprendizagem é um desafio para os educadores e profissionais da saúde. Apesar de se comunicar bem e não ter atraso intelectual, as crianças com TANV são descritas como desajeitadas ou descoordenadas.

Podem sentir dificuldades para andar de bicicleta, amarrar cadarços, desenhar e praticar esportes, por exemplo.

Demonstram dificuldades na memorização de tabuadas, bem como realização de operações aritméticas mais complexas.

No relacionamento interpessoal, crianças com esse transtorno podem ser vistas como ingênuas, apresentando dificuldades para compreender os aspectos implícitos na interação social e na linguagem.

Normalmente, as pessoas com transtorno de aprendizagem não verbal mostram:

  • Excelente memória para aquilo que olham;
  • Boa capacidade de leitura;
  • Excelente expressão verbal e raciocínio verbal;
  • Dificuldade para escrever;
  • Problemas espaciais, de direção, estimativa de tamanho, forma, distância;
  • Problemas para ler expressões faciais;
  • Déficits de percepção tátil, geralmente no lado esquerdo do corpo;
  • Dificuldades de coordenação;
  • Problemas com organização visual-espacial;
  • Dificuldade de adaptação a situações novas e complexas;
  • Dificuldade de interação social;
  • Dificuldade de matemática;
  • Desatenção e hiperatividade no início da infância.

Diagnóstico e intervenções indicadas

O diagnóstico do TANV ocorre após uma avaliação criteriosa que deve ser feita por diferentes especialistas.

São realizados diversos testes neuropsicológicos com o objetivo de compreender como funciona o desempenho escolar, as habilidades motoras, o processamento visual-espacial, aritmética e o funcionamento psicossocial.

Os comportamentos, históricos genéticos, da gestação, acadêmico e as características de relacionamentos sociais também são observados pelos especialistas.

Os especialistas avaliam o desenvolvimento da fala e da linguagem, QI verbal, QI de desempenho e desenvolvimento motor.

As crianças podem ser diagnosticadas com cinco anos de idade ou até menos, embora muitas vezes não se manifeste até que as dificuldades escolares apareçam.

O diagnóstico precoce é altamente recomendado porque a intervenção precoce pode ajudar no aprendizado e apoiar a autoestima da criança no processo.

Em relação ao tratamento, o mais indicado é que a intervenção seja realizada por uma equipe interdisciplinar, englobando os aspectos psicológicos, pedagógicos e fonoaudiológicos.

A TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental) é indicada, ou mesmo outras terapias que permitam o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento e de habilidades sociais.

Além disso, psicólogos ajudam nas questões emocionais como autoestima e ansiedade.

A terapia ocupacional ajuda as crianças com o Transtorno a melhorar suas habilidades motoras finas e sociais.

Referências:

https://nvld.org/non-verbal-learning-disability

https://www.additudemag.com/what-is-nonverbal-learning-disorder-symptoms-and-diagnosis

https://www.psychologytoday.com/us/conditions/nonverbal-learning-disorder

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista, especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Pesquisadora na área do TEA há mais de 10 anos. Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou 4 Pós-doutorados pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.