Como trabalhar a coordenação motora em sala de aula

A maioria dos autistas apresenta algum tipo de  dificuldade motora que pode atrapalhar o seu desenvolvimento e a sua independência. Estima-se que aproximadamente 80% das crianças com autismo apresentem problemas deste tipo.

Vale destacar que a coordenação motora é a capacidade de coordenar os movimentos da interação entre cérebro e as articulações e músculos.

No entanto, sabe-se que as habilidades motoras ajudam as crianças a aprender comportamentos sociais e de comunicação básicos.

A coordenação pode envolver os movimentos finos, responsáveis por atividades como escrita e desenho e os grandes movimentos como andar e pular.  

É muito importante que as crianças autistas desde cedo desenvolvam essas habilidades para não interferir no seu comportamento social e de comunicação.

Além das intervenções precoces, as atividades em sala de aula podem ajudar a trabalhar a coordenação motora do autista.

Atividades que estimulam a coordenação motora

Os pais e educadores têm papel importante no incentivo das capacidades dos pequenos. E algumas atividades que são realizadas dentro da sala de aula e também em casa melhoram a coordenação motora.

É importante promover brincadeiras simples, como desenhar com tinta guache, mexer com massinhas de modelar, encaixar objetos em plataformas que ajudam a desenvolver habilidades motoras finas. Elas devem ser aplicadas por etapas e sempre das mais fáceis às mais difíceis.

Já as habilidades grossas podem ser estimuladas por meio de ações como marchar, saltar em um trampolim, jogar bola, dançar, andar de triciclos e bicicletas.

Veja, abaixo, algumas atividades simples que ajudam a trabalhar a coordenação motora dos pequenos.

  1. Brincadeiras de obstáculos: essas atividades trabalham o desenvolvimento da coordenação motora ampla. Em uma área aberta, como pátio da escola, é possível colocar objetos que sirvam como obstáculos no caminho das crianças. Assim, elas vão desviar, pular ou empurrar. Podem ser usadas caixas de papelão ou brinquedos.
  2. Pinçar objetos: ajuda a desenvolver a coordenação fina. As crianças podem pegar diferentes objetos espalhados pelo chão ou em uma mesa e colocar dentro de um recipiente.
  3. Colagens e recortes: atividades simples como cortar e colar são bastante simples de fazer e desenvolvem a coordenação motora fina das crianças. Vale a pena investir em diferentes objetos, com cores e texturas distintas para estimular os sentidos e a criatividade. Também podem ser usados jornais e revistas para formar frases e palavras. O ato de segurar uma tesoura corretamente é um ótimo exercício para desenvolver a coordenação.
  4. Blocos de Construção: brinquedos como tijolinhos de construção estimulam a criatividade, a cooperação e a coordenação das crianças. Contribui também em aumentar as noções de equilíbrio e peso.
  5. Ligue os pontos: alguns desenhos e figuras podem ajudar nesse processo. Depois de preencher a forma, a criança ainda pode depois pintar com lápis, tinta ou canetinha.
  6. Jogo das varetas: o objetivo é pegar o maior número de varetas sem fazer as demais se mexerem. É preciso se concentrar e ter habilidade de coordenação motora fina.
  7. Miçangas no barbante: desenvolve a coordenação motora fina e a criatividade. Use pulseiras de diversos tamanhos, diversas cores e espessuras.
  8. Outras atividades: brincadeiras com fantoches e pinturas, colagens com bolinhas de papel, cirandas, cantigas de roda, danças folclóricas, blocos de montar, quebra-cabeça, entre outros.

Vale destacar que essas atividades são simples e podem fazer parte do cotidiano escolar. Mas é fundamental que a escola tenha um planejamento pedagógico adequado para promover o desenvolvimento pleno do aluno.

O planejamento pedagógico deve considerar as características individuais de cada aluno. E alterar as atividades, de acordo com as principais necessidades motoras das crianças.

As crianças com TEA também podem ser excessivamente sensíveis a algumas texturas, sons, gostos e cheiros. Por isso, é comum que os materiais possam ter que passar por uma adaptação ou buscar outras atividades.

É fundamental que as atividades sejam realizadas de forma lúdica, sem forçar a criança. Os pais devem participar e também estimulá-los em casa.

Referências:

https://autism.lovetoknow.com/Motor_Skills_in_Autistic_Children

http://www.skillsforaction.com/autism-spectrum-disorders

https://www.scholastic.com/teachers/articles/teaching-content/teaching-students-autism-spectrum-disorder/

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista, especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Pesquisadora na área do TEA há mais de 10 anos. Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou 4 Pós-doutorados pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.