Como ajudar na socialização de autistas adolescentes

Quem tem um adolescente neurotípico em casa sabe que a socialização, ter amigos, interagir socialmente é muito importante e necessário para os jovens. Para os adolescentes que estão no espectro também, mas eles podem ter mais dificuldades para se relacionar com seus colegas e familiares.

Por que isso acontece?  Os adolescentes com Transtorno do Espectro do Autismo geralmente têm dificuldades em situações sociais. E consequentemente podem achar complicado fazer e manter amizades. 

As razões para isso variam. Muitos não conseguem identificar o que as pessoas estão pensando ou sentindo, assim como não compreendem as expressões faciais e linguagens corporais.

Há ainda aqueles que não conseguem compreender as regras sociais, iniciar um diálogo ou até mesmo compartilhar interesses com outros adolescentes (podem ter interesses mais específicos ou são mais imaturos ou inocentes). Eles também têm dificuldades para entender sarcasmo ou metáforas.

E a falta dessas habilidades sociais básicas pode levar à rejeição, isolamento ou intimidação de seus colegas. E isso pode afetar a autoestima dos autistas que podem se sentir inadequados e/ou incompreendidos.

Estratégias para ajudar o autista a se socializar

Para que o autista se socialize, crie vínculos e faça amizades, ele precisa ser ensinado como funcionam as habilidades sociais e a importância e necessidade de viver em sociedade.

Algumas estratégias podem ser eficazes nesse processo. Vale destacar que é fundamental buscar ajuda especializada para receber as orientações adequadas.

Essas habilidades podem ser treinadas por especialistas na ciência ABA – Análise do Comportamento Aplicada, terapeutas ocupacionais, entre outros profissionais.

Veja abaixo algumas técnicas que podem ser eficazes.

Reconhecimento de emoções por fotos

Por meio de imagens, o adolescente consegue entender o que significa um rosto “feliz” ou “triste” e também o que causa tais sentimentos.  

Você pode usar imagens para mostrar como as pessoas indicam aos outros que estão interessadas em conversar. As fotos podem incluir alguém olhando para você e sorrindo, ou alguém olhando para longe e bocejando. Use imagens fotos para mostrar diferentes expressões faciais e linguagem corporal.

Atividades em grupo

Os especialistas podem realizar atividades em grupo em pessoas com autismo (ou neurotípicas) para praticar atividades sociais como cumprimentos e ações do dia a dia.

Isso pode ser interessante para compartilhar experiências e fazer amigos e também ajudar seu filho ou filha a perceber que não está sozinho (a).

Tecnologia como aliada

Usar vídeos, desenhos e jogos ajudam a ensinar sobre a linguagem corporal e a comunicação.

Contar histórias

Essa é uma estratégia frequentemente usada para ensinar habilidades sociais. Por meio da leitura de histórias apresentam-se os conceitos e regras sociais para quem tem o TEA.

Encenação

Os pais e cuidadores podem encenar, fingir determinada situação social para explicar para o autista como agir. É o caso de ensinar como agir em um mercado, loja, na escola. Sempre com muito respeito e educação.

Modelação

A modelagem em vídeo ou vídeo modelação é considerada uma prática baseada em evidências para pessoas com TEA. Isso porque alguns respondem melhor a estímulos visuais.

São demonstrações gravadas em vídeo indicando uma habilidade ou comportamento para o jovem com autismo.

Eles assistem ao vídeo e conseguem entender melhor como funcionam as habilidades ou comportamentos e passam a repeti-los.

Treinamento de habilidades sociais

O treinamento de habilidades sociais visa promover o desenvolvimento comportamental de forma adequada. Os especialistas também ensinam novas habilidades e como deve ser o  comportamento de uma determinada situação.

O primeiro passo é realizar uma avaliação do repertório do adolescente e identificar as dificuldades de aprendizagem e falta de habilidades sociais.

As intervenções são feitas de forma individual e a interação social é trabalhada por meio de atividades e brincadeiras, além do uso do reforço positivo para fixar um comportamento adequado.

Referências

https://www.autismspeaks.org/social-skills-and-autism

https://autismspectrumnews.org/the-importance-of-socialization-for-individuals-with-autism-spectrum-disorders

https://www.verywellhealth.com/social-skills-training-and-autism-the-basics-260061

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista, especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Pesquisadora na área do TEA há mais de 10 anos. Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou 4 Pós-doutorados pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.