A depressão é uma condição bastante frequente e pode afetar até 85% das pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Estima-se que aproximadamente 20% dos jovens com autismo tenham também transtornos depressivos. E quase metade dos adultos com autismo terão um quadro de depressão durante algum momento da vida.
Isso pode ocorrer devido a fatores biológicos, psicológicos e sociais. Além do fato de o autismo e a depressão compartilharem vulnerabilidades genéticas comuns.
Sabe-se também que a depressão é mais comum em indivíduos com autismo que possuem uma grau mais leve. Acredita-se que isso ocorre com mais frequência porque eles têm consciência de sua condição e isso causa sofrimento psíquico.
Sentir-se socialmente isolado e solitário e ter dificuldade para comunicar seus sentimentos pode levar algumas pessoas com autismo a ter pensamentos suicidas.
Quais são os sintomas?
A depressão em pessoas com autismo pode se apresentar de forma diferente. Em alguns casos, há aumento da agressividade e/ou dos comportamentos repetitivos.
Mas as pessoas com depressão e autismo podem ter dificuldade em compartilhar e identificar seus pensamentos e sentimentos.
Geralmente, eles não conseguem rotular seus sentimentos, comunicar os sintomas ou preocupações sobre seu estado mental e falta de ânimo. Tudo isso prejudica o diagnóstico e o tratamento.
A depressão pode prejudicar a independência do autista, suas habilidades sociais e de comunicação e desencadear pensamentos suicidas.
O risco de suicídio
Além da tristeza, apatia, desânimo e incertezas, alguns autistas com depressão podem pensar em suicídio. Sabe-se que uma das principais causas de morte prematura de pessoas com TEA é o suicídio.
É importante salientar que é preciso estar atento, desde o princípio, aos sentimentos de infelicidade ou inadequação das pessoas com TEA.
De acordo com pesquisas, as tentativas de suicídio entre indivíduos com transtornos do espectro do autismo é significativamente maior do que entre a população em geral.
Os pesquisadores acreditam que conviver com autismo, muitas vezes, significa ter que enfrentar dificuldades diárias. Para eles, é muito difícil a interação com outras pessoas, nos estudos ou no trabalho. Muitos ainda sofrem bullying e não são compreendidos.
Principais motivos que levam à depressão
Pesquisadores e os relatos de autistas mostram quais são os potenciais motivos para ter depressão e pensamentos suicidas. São eles:
- bullying, isolamento, solidão;
- achar difícil entender seus próprios sentimentos e aprender a administrá-los;
- precisar esconder ou mascarar traços ou comportamentos autistas;
- dificuldade de ter um diagnóstico correto;
- problemas para dormir;
- dificuldade para comunicar suas emoções e pensamentos;
- dificuldade em identificar emoções alheias;
- outras condições de saúde como o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
O que pode ser feito?
É muito importante que o diagnóstico seja realizado precocemente para que o autista receba o tratamento adequado.
A família e as pessoas próximas precisam estar por perto e reconhecer os sinais de depressão. O que pode ser complicado uma vez que as pessoas com espectro autista reagem e interpretam o mundo de forma diferente das demais pessoas.
Como eles sofrem e não conseguem se expressar, pode ser mais complexo um diagnóstico.
Alguns medicamentos como antidepressivos e a terapia comportamental podem ser indicadas para controlar os sintomas.
Há uma grande variedade de antidepressivos disponíveis no mercado e apenas um médico, geralmente psiquiatra, pode indicar qual é o melhor para cada caso.
Os medicamentos podem controlar os sintomas de tristeza, humor alterado, falta de sono e apetite, irritabilidade e perda de motivação dos autistas deprimidos.
Já a intervenção terapêutica trabalha as questões referentes ao sofrimento psíquico e também situações relacionadas aos conflitos internos. O objetivo é trazer mais qualidade de vida para quem sofre com a depressão.
Alguns fatores podem diminuir os riscos de suicídio. É importante ter o apoio familiar e garantir uma adaptação adequada na escolar e que a inclusão escolar seja efetiva.
Se o autista demonstrar qualquer sinal de sofrimento, a procura por especialista deve ser imediata. Isso porque muitos não sabem pedir ajuda.
Referências:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32150706/
https://www.autismspeaks.org/expert-opinion/whats-connection-between-autism-and-depression
https://www.autism.org.uk/advice-and-guidance/topics/mental-health/suicide