Sinais do Autismo em Meninas: Como Identificar?

As taxas de prevalência de autismo trazem que o autismo afeta cerca de 4x mais meninos do que meninas.

Os pesquisadores acreditam que as meninas podem nascer com fatores genéticos de proteção que reduzem o risco de autismo. Por outro lado, sabemos que muitas meninas com autismo na verdade não são diagnosticadas e provavelmente existem mais meninas com o transtorno do que imaginamos.

É bastante comum que as garotas com o TEA sejam subdiagnosticadas, ou seja, não recebam o diagnóstico correto. Geralmente, as meninas não se encaixam em grande parte dos estereótipos do espectro. Também, tendem a mascarar mais os sintomas do que os meninos.

Muitas delas podem não apresentar sintomas evidentes como dificuldades de fala e linguagem (atraso de linguagem e fala), problemas de comunicação social ou desafios cognitivos significativos.

Outro fator que dificulta o diagnóstico é que a sociedade espera que as meninas sejam mais caladas ou tímidas do que os meninos.

Por isso, o autismo pode ficar mais evidente na adolescência, quando elas precisam se relacionar socialmente nas escolas ou em grupos sociais e encontram dificuldades.

Alguns sinais e sintomas que merecem atenção

As meninas com autismo podem parecer mais inocentes do que as outras garotas da mesma idade.

O autismo em meninas faz com que elas não entendem duplo sentido ou piadas e evitam se expor.

Além disso, podem gostar mais de rotina do que as outras garotas e sentem dificuldades de aceitar mudanças.

Outro fato interessante é que as meninas tendem a disfarçar mais suas limitações sociais, pois conseguem imitar comportamentos de outras meninas da mesma idade.

Além disso, apresentam menos atitudes repetitivas e restritas.

Isso ocorre devido à estrutura cerebral, que é diferente entre meninos e meninas e por causa dos aspectos hormonais.

O cérebro feminino tem uma inteligência social maior do que a dos meninos, por isso, o TEA pode ser mais facilmente camuflado.

A depressão costuma ser bastante comum em meninas autistas, principalmente na adolescência.

Isso ocorre porque  são frequentemente isoladas ou têm menos amigos do que as outras colegas e sentem dificuldade de interagir.

Elas podem sentir que não se encaixam no padrão estabelecido pela sociedade, o que prejudica a autoestima.

Sabe-se que as meninas com autismo são mais propensas a ter altas taxas de depressão, ansiedade e até mesmo distúrbios alimentares.

De acordo com pesquisas, TEA em meninas apresentam alguns sintomas, tais como:

– Aumento das habilidades de imitação social;

– Vontade de interagir diretamente com os outros;

– Uma tendência a ser tímida ou passiva;

– Têm bastante imaginação;

– Melhores habilidades de linguagem e no desenvolvimento.

É importante destacar que a criança tímida sabe o que deve fazer e como reagir ao estado emocional das pessoas, mas não consegue.

Já a criança autista não consegue perceber isso.

Essa pequena diferença pode ajudar a descobrir o autismo em meninas.

O diagnóstico também costuma ser mais difícil porque as meninas autistas apresentam menos raiva, agressividade e comportamentos estereotipados.

Por isso, recomenda-se buscar ajuda especializada em qualquer sinal de suspeita.

O futuro das meninas autistas

As pesquisas que envolvem o autismo ainda focam mais nos meninos.

Por isso, existem poucos estudos que falem especificamente de autismo em meninas.

Como o autismo em meninas é mais difícil de ser identificado, as avaliações clínicas devem ser mais rigorosas para as meninas, e os pais devem prestar muita atenção aos possíveis indicadores de TEA.

Lembrando que quando o TEA demora a ser identificado, as meninas podem perder a chance de desenvolver suas habilidades mais rapidamente, o que prejudica a sua qualidade de vida.

Mas, a cada dia, aumentam os estudos e interessados em analisar a questão de gênero e quais fatores influenciam no surgimento do TEA em meninas.

Atualmente, alguns pesquisadores buscam acompanhar as meninas autistas desde a infância para traçar em breve novos modelos de diagnóstico.

Dessa forma, espera-se que elas possam ter uma intervenção precoce e ganhem mais qualidade de vida.

Referências

https://med.stanford.edu/news/all-news/2015/09/girls-and-boys-with-autism-differ-in-behavior-brain-structure.html

https://www.autismawareness.com.au/could-it-be-autism/autism-and-girls/

WhatsApp
Facebook
Pinterest
Telegram
Twitter
Patrocinado

Você irá ler neste artigo

Quem leu gostou do artigo!!!
Quem leu gostou do artigo!!!
Picture of Dra. Fabiele Russo

Dra. Fabiele Russo

Neurocientista, especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Pesquisadora na área do TEA há mais de 10 anos. Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) com Doutorado “sanduíche” no exterior pelo Departamento de Pediatria da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD). Realizou 4 Pós-doutorados pela USP. É cofundadora da NeuroConecta e também, coautora do livro: Autismo ao longo da vida.