Hora de dormir: conheça a relação entre qualidade do sono e TEA

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Estima-se que até 80% das pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) podem apresentar distúrbios do sono em algum momento de suas vidas. O distúrbio do sono pode ser caracterizado por dificuldade em adormecer, agitação e insônia.

Como você se sente quando se aproxima do horário de dormir? Para aqueles que convivem com o  autismo, seja o próprio autista, seja seu familiar ou cuidador, esse pode ser um momento que gera ansiedade e tensão.

Uma noite mal dormida pode impactar não apenas aquele que está no espectro, mas também os que convivem com ele. A privação do sono pode representar impactos severos na saúde física e mental. Desde a infância, dormir contribui para o desenvolvimento da criança – tanto físico, quanto de habilidades ligadas à cognição e aprendizagem. Além disso, enquanto dormirmos o nosso organismo realiza funções vitais como reparo muscular, a consolidação da memória e a liberação de hormônios que regulam o crescimento e o apetite.

Em quem tem TEA dormir mal pode ainda agravar as fragilidades características do espectro, interferindo em aspectos como humor e comportamento, interação social, aproveitamento acadêmico e em outras atividades, até mesmo as terapêuticas, presentes na rotina do autista.

Mas o que pode causar distúrbio do sono?

– Acordar diversas vezes durante à noite e/ou ter dificuldade para pegar no sono novamente depois

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– Dormir demais

– Ansiedade e estresse decorrente de circunstâncias sociais – que podem gerar insônia

– Déficit de habilidade social – o que dificulta a conexão do autista com as demais pessoas da casa durante os rituais para dormir (como colocar um pijama, reduzir ou apagar a luz, silenciar o ambiente, se deitar etc.)

– Comprometimento na produção de melatonina – hormônio responsável por regular o sono

– Sensibilidade sensorial a sons, luzes e etc. (ou ausência deles)

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– Realizar atividades que podem estimular demais nos momentos que precedem o sono

– Efeitos colaterais decorrentes de medicação

– Distúrbios neurológicos como epilepsia, síndrome das pernas inquietas e problemas gastrointestinais também podem causar interferência.

Há estudos que indicam como uma das causas o fato de que quem tem TEA poder apresentar alterações nos genes que regulam o ciclo circadiano, uma espécie de “relógio” em nosso organismo que dá o ritmo das 24 horas (dia/noite), nas quais geralmente uma pessoa dorme aproximadamente 8 horas (quando adulta) e até 16 horas em média (quando bebê/criança).

Como melhorar a qualidade do sono dos autistas?

Estudos sugerem que medidas como estabelecer rotinas para dormir é o principal suporte no gerenciamento do sono de qualidade do autista.

Procure estabelecer uma espécie de “ritual” para a hora de dormir. Isso irá ajudar a criança a se acalmar e ter uma noite de sono proveitosa.

Tomar um banho, reduzir a luz e os sons do ambiente, realizar alguma atividade da qual o autista se sinta confortável (mas que não o estimule e deixe agitado), como contar uma história, podem ser boas estratégias.

É indicado evitar alimentos pesados ou oferecer bebidas que contenham cafeína. Caso necessário, introduzir como opção terapêutica associada o uso de medicamentos pode ser bem-vindo.

Essas ações podem contribuir para melhorar a qualidade de vida das crianças com TEA e também de sua família.

Referências:

Devnani PA, Hegde AU. Autism and sleep disorders. Journal of Pediatric Neurosciences. 2015;10(4):304-307. doi:10.4103/1817-1745.174438. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4770638/ Acessado em 11 de janeiro de 2018.

Sleep and Autism. The National Autism Society. Disponível em http://www.autism.org.uk/about/health/sleep.aspx Acessado em 11 de janeiro de 2018.

weide awake: Why children with autism struggle with sleep. Spectrum News. Disponível em https://spectrumnews.org/features/deep-dive/wide-awake-why-children-with-autism-struggle-with-sleep/ Acessado em 11 de janeiro de 2018.

Yang, Zhiliang et al. Circadian-relevant genes are highly polymorphic in autism spectrum disorder patients. Brain and Development , Volume 38 , Issue 1 , 91 – 99. Disponível em <http://www.brainanddevelopment.com/article/S0387-7604(15)00075-3/fulltext> Acessado em 11 de janeiro de 2018.

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Dra. Fabiele Russo

Neurocientista especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Cofundadora da NeuroConecta.