Graus de Autismo – importante saber

Patrocinado

Compreender como classificar os diferentes graus de autismo pode ser um tanto quanto complexo no Brasil. Portanto, nós vamos esclarecer esta questão para você.

Em linhas gerais, o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) pode ser classificado conforme o grau de dependência e/ou necessidade de suporte, podendo ser considerado: autismo leve (nível 1), moderado (nível 2) ou severo (nível 3).

No Brasil, dois manuais de diagnóstico têm sido adotados: o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), que está em sua quinta edição, e o CID (Classificação Internacional de Doenças), na 10ª edição  (Nos EUA já está em sua 11ª edição). Ambos consideram o autismo como um Transtorno do Desenvolvimento.

Enquanto o primeiro (DSM) incorporou todos os tipos de autismos sob a mesma classificação – “Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)”-, o segundo segue especificando cada uma das suas subcategorias: autismo infantil; o autismo atípico; a síndrome de Rett*; a síndrome de Asperger; o transtorno desintegrativo da infância; e o transtorno geral do desenvolvimento não especificado.

O DSM-5  – publicação oficial da Associação Americana de Psiquiatria que define transtornos psiquiátricos e de desenvolvimento, de maio de 2013 -, define o autismo como uma única “desordem do espectro”, sendo considerado um conjunto de critérios que descrevem os sintomas que podem impactar nas áreas de comunicação social, comportamento, flexibilidade e sensibilidade sensorial.

Patrocinado

Antes de 2013 o autismo era subcategorizado conforme apresentado no CID-10. Veremos mais sobre isso a seguir.

Assim, conforme estabelece DSM-5, “Transtorno do espectro do autismo (TEA)” pode ser medido com base na sua gravidade. Não há subtipos de diagnóstico (por exemplo, transtorno de Asperger); O marcador de “gravidade” é baseado no grau de comprometimento do distúrbio.

Com base nesta análise deve ser possível avaliar as habilidades de cada pessoa com TEA, o que envolve a especificação de problemas de deficiência intelectual e linguagem. A maioria dos indivíduos com TEA têm deficiências mentais de leve a moderada, com deficiência linguística associada.

Vamos compreender melhor o que estabelecem cada um destes níveis – que podemos definir como Grau Severo (nível 3); Grau moderado (nível 2) e Grau Leve (nível 1):

Nível 3: severo (necessitam de maior suporte/apoio)

Diz respeito àqueles que apresentam um déficit considerado grave nas habilidades de comunicação verbais e não verbais. Ou seja, não conseguem se comunicar sem contar com suporte. Com isso apresentam dificuldade nas interações sociais e tem cognição reduzida. Também possuem um perfil inflexível de comportamento, tendo dificuldade de lidar com mudanças. Tendem ao isolamento social, se não estimulados.

Patrocinado

Nível 2: moderado (necessitam de suporte)

Semelhante às características descritas no nível 3, mas com menor intensidade no que cabe aos transtornos de comunicação e deficiência de linguagem.

Nível 1: leve (necessita de pouco suporte)

Com suporte, pode ter dificuldade para se comunicar, mas não é um limitante para interações sociais. Problemas de organização e planejamento impedem a independência.

É importante saber que, embora estejam estabelecidos desta forma (níveis 1, 2 e 3), ainda não está bem claro de fato o que e sob quais circunstâncias pode ser compreendido o significado de “suporte”. Por exemplo: algumas pessoas com TEA desenvolvem bem em casa, mas precisam de ajuda na escola (onde as demandas são específicas e intensas). Outras pessoas o contrário.

Por isso instituições ligadas ao TEA e a própria Associação Americana de Psiquiatria (APA) estão analisando se deverá haver mudanças na revisão do DSM e, conforme for, a versão DSM-5.1 pode ser revista e apresentar mais clareza quanto aos níveis de classificação ativos atualmente.

Conversar com seu médico ou especialista de confiança é fundamental para esclarecer dúvidas quanto aos graus de autismo e as razões pelas quais um indivíduo com TEA pode ser enquadrado em um determinado nível.

Entenda a classificação CID-10:

O sistema de saúde brasileiro utiliza como base para categorizar doenças a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, mais conhecida pela sigla CID, que está em sua 10ª edição (CID-10).

Em relação ao TEA, o capítulo V (F80 a 89) da CID-10 trata dos transtornos mentais e comportamentais, sendo categorizados da seguinte forma

  • o autismo infantil (F84-0);
  • o autismo atípico (F84-1);
  • a síndrome de Rett* (F84-2);
  • a síndrome de Asperger (F84-5);
  • o transtorno desintegrativo da infância (F84-3); e
  • o transtorno geral do desenvolvimento não especificado (F84-9).

Vamos compreender cada um deles.

Síndrome de Asperger –  a deficiência encontra-se nas interações sociais e no uso funcional da linguagem.

Transtorno autístico –  transtorno autístico, às vezes conhecido como “autismo clássico”. Pode se manifestar como atrasos significativos na linguagem, desafios sociais e de comunicação e comportamentos incomuns. Pode haver dificuldades de aprendizagem e inteligência abaixo da média também.

Transtorno geral desenvolvimento não especificado – os indivíduos recebem esse diagnóstico se tiverem algumas, mas não todas, as características do autismo clássico. O seu nível de funcionalidade é geralmente moderado a alto.

Transtorno desintegrativo da infância – geralmente afeta crianças pequenas e pré-escolares. Eles perdem habilidades linguísticas e sociais e tipicamente têm níveis de funcionalidade moderados ou baixos.

Síndrome de Rett* – Indivíduos com esse transtorno são geralmente mulheres e podem ter níveis de funcionalidade moderados ou baixos. A doença se desenvolve à medida que a criança envelhece. A Síndrome de Rett caiu anteriormente sob o espectro de TEA, mas agora está confirmada que a causa de Rett é genética e, portanto, não é mais enquadrada como TEA.

De acordo com as “Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo” – “é necessário deixar claro que, embora a síndrome de Rett esteja entre os transtornos globais do desenvolvimento (conforme estabelecido na CID-10), ela não deve ser considerada como parte dos transtornos do espectro do autismo, uma vez que tem características singulares dos pontos de vista clínico, genético e comportamental.

_________________________________________________________

Sobre o autismo

O autismo é caracterizado por uma desordem cerebral que impacta no desenvolvimento da pessoa, podendo interferir na forma como ela percebe o mundo ao redor e interage com os outros, ocasionando desafios sociais, de comunicação (verbal ou não) e comportamentais. Trata-se de uma condição crônica, de uma deficiência neurológica, e não de uma doença.

Devido à variedade de sintomas e sua complexidade, esta condição é agora denominada  “Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)”, conforme expresso na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) da Associação Americana de Psiquiatria. O material apresenta termos para classificação e diagnóstico na área da saúde mental. Leia mais em “O que é autismo”

Referências:

[1] Rudy, LJ. Making Sense of the 3 Levels of Autism. What Are the Levels of Support Now Included in an Autism Diagnosis?. Very Well. Disponível em <

https://www.verywell.com/what-are-the-three-levels-of-autism-260233> Acessado em 18 de setembro de 2017,

[2] Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_reabilitacao_pessoa_autismo.pdf> Acessado em 16 de setembro de 2017.

[3] Critérios de diagnóstico DSM-5 . Autism Speaks. Disponível em <https://www.autismspeaks.org/what-autism/diagnosis/dsm-5-diagnostic-criteria> Acessado em 17 de setembro de 2017.

[4] Weitlauf AS, Gotham KO, Vehorn AC, Warren ZE. Brief Report: DSM-5 “Levels of Support:” A Comment on Discrepant Conceptualizations of Severity in ASD. Journal of autism and developmental disorders. 2014;44(2):471-476. doi:10.1007/s10803-013-1882-z. Disponível em <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3989992/> Acessado em 18 de setembro de 2017.

Outras fontes de pesquisa:

Lord C, Jones RM. Re-thinking the classification of autism spectrum disorders. Journal of child psychology and psychiatry, and allied disciplines. 2012;53(5):490-509. doi:10.1111/j.1469-7610.2012.02547.x. Disponível em <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3446247/> Acessado em 17 de setembro de 2017.

Miller-Wilson K. What Is Considered Mild Autism? Love to know. Disponível em <http://autism.lovetoknow.com/Considered_Mild_Autism > Acessado em 18 de setembro de 2017.

WhatsApp
Facebook
Pinterest
Telegram
Twitter
Patrocinado

Você irá ler neste artigo

Quem leu gostou do artigo!!!
Quem leu gostou do artigo!!!
Picture of Dra. Fabiele Russo

Dra. Fabiele Russo

Neurocientista especialista em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Mestre e Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Cofundadora da NeuroConecta.